domingo, 18 de outubro de 2015

Volkswagen Variant II, 1980, Verde Indaiá.

Sempre fui apaixonado por carros verdes

Uma Variant II idêntica à da foto acima, chegou em nossa casa, em Pirassununga, no final da tarde de uma segunda-feira, em novembro de 1990. Fiquei muito animado, afinal, até então, meu pai só tivera Chevette e Corcel II. E eu sempre gostei dos Volkswagen, em especial os refrigerados a ar. Aos 13 anos, eu já entendia as coisas, e compreendi que foi necessário trocar o Chevette, 1980, Verde Samambaia nesta Variant II, também 1980, Verde Indaiá. Precisávamos do dinheiro que recebemos como diferença dos dois carros.

A Brasília sempre foi um dos meus carros prediletos, mas minha preferência era ainda maior pela Variant II. Desenho, acabamento, conforto, são superiores, na minha opinião. Até hoje a considero bonita, classuda! Em especial na cor Verde Indaiá - como a que tivemos. 

A nossa era idêntica a esta

A nossa Variant II exibia placas (amarelas) de São Bernardo do Campo/SP, MU-6777. Era bem completa: bancos dianteiros com encosto alto, interior monocromático preto, console central, toda acarpetada (tanto no assoalho, quanto nos dois porta-malas - dianteiro e traseiro), rádio AM/FM Estéreo de fábrica (com símbolo da Volkswagen), limpador e lavador elétrico do vidro traseiro, ventilador, frisos laterais, só não tinha o relógio no painel. Além disso, estava equipada com um volante Grand Prix (aquele com um capacete no miolo da buzina, que conferia esportividade, mas deixava a direção muito dura nas manobras) e manopla do câmbio igual à do Passat (estilo taco de golfe). 

No dia seguinte à compra, já quis pilotá-la. Foi uma experiência diferente ao volante, uma sensação que não esqueço até hoje! O barulhinho do motor, o cheiro do interior, os pedais que saíam do assoalho, a precisão do câmbio Volkswagen, o tamanho do carro, a grande área envidraçada, os instrumentos retangulares no painel... Resumindo: uma delícia! Não digo que era mais gostosa que o Chevette, mas era diferente, peculiar!

Sou fã deste painel - ao longo dos anos 80, ele permaneceu moderno 

O estado geral do veículo era bom, apesar dos quase 11 anos de uso. O hodômetro marcava 65.000 km, mas provavelmente, pelo estado, chuto que ela já teria rodado 165.000 km, pois depois dos 99.999 km, o hodômetro zerava. O interior estava perfeito: painel sem trincas, estofamento, carpetes, laterais de portas impecáveis. Lembro dos 4 pneus radiais da Pirelli novíssimos, pintura em ótimo estado, mas o motor apresentava um vazamento de óleo que - acredite! - mecânico nenhum, que a levamos, conseguia resolver. E foram três especialistas em motores refrigerados a ar. Era parar e ficar a poça de óleo no chão! Meu pai, que já não havia gostado do carro, foi pegando raiva! Principalmente quando um vizinho, amigo ou colega de trabalho perguntavam por que ele havia trocado o lindo Chevette naquela Variant...

No início ele tentou disfarçar. Fomos passear algumas vezes em Cachoeira de Emas e em Leme com ela. Lembro do carrinho alcançando 130 km/h (indicados no velocímetro). Mas o vazamento de óleo o incomodava e chegou um momento em que ele nem queria mais saber de arrumar! Era o pretexto que tinha para se desfazer do carro.

E poucos dias antes do Natal de 1990, encontrou um comprador. Eu fiquei triste, pois gostava da Variant II. Foi com ela que me apaixonei por peruas! Sonhava em viajar para Parnaíba, no Piauí (terra do meu pai), com este carro! A família toda, lotada de bagagem... Ir para a praia com a tampa traseira aberta, pés para fora, o automóvel deslizando pelas areias brancas e estradinhas de piçarra. Mas não deu! Depois de apenas 45 dias, tendo rodado somente 1.000 km nas nossas mãos, a saudosa (para mim) Variant II ia embora com o novo dono.

Meu pai tentou comprar outro carro, mas com o dinheiro da venda (por ansiedade, acabou por vendê-la muito barato), só conseguia encontrar carros bem mais antigos, como Fusca 1300, 1974, Azul Caiçara (azul calcinha) ou Corcel I, 1975. Então, utilizou o dinheiro para quitar algumas dívidas. E com o que sobrou, comprou um videocassete novo, da Philips, para nós e viajou para o Piauí, pois precisava visitar sua mãe, que já estava bem idosa e ele não a via há muitos anos. Porém, foi sozinho e de avião. A viagem com a Variant II ficou somente nos meus sonhos. O pior é que permaneceríamos 10 meses sem carro, pois só em outubro de 1991, meu pai conseguiu dinheiro suficiente para comprar outro.

Próxima postagem: Fiat 147, 1979, Branco Alpi (e Monark Monareta 50cc).



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