sábado, 31 de outubro de 2015

Volkswagen Passat LS, 1977, Bege Saara.


O nosso tinha placas amarelas


Dia 10/05/1992 foi um dia chuvoso em Pirassununga/SP - onde morávamos! E inesquecível para a minha família. Pela primeira vez, tínhamos um segundo carro! Há dois meses estávamos com um Ford Del Rey, "Série Prata", 4 portas, ano 1983, à álcool, cor Prata Strato Metálico. E, a partir desta data, um bonito Passat LS, 3 portas, motor 1500 à gasolina, ano 1977, cor Bege Saara, entrou na nossa garagem para fazer companhia a ele.

A minha Caloi Mobylette XR, 1987, vernelha, foi vendida, pois com dois carros na garagem, não queria mais saber dela.

Foi comprado em uma loja de carros usados, chamada "Avenida Veículos", que se localizava na Avenida Newton Prado, em Pirassununga. Chovia muito nesta manhã e lembro que o vidro traseiro ficou todo embaçado, pois o carro não tinha desembaçador elétrico. O hodômetro indicava 13.000 km (pelo estado geral, creio que ele já havia rodado 213.000 km).

Era um modelo simples (apesar de ser LS), não possuía ar quente, vidros verdes, interior monocromático, nem rádio de fábrica, mas tinha alguns opcionais como bancos dianteiros com encosto alto, ventilador de duas velocidades, relógio elétrico no painel (que delícia era o som daquele tique-taque!), hodômetro parcial, acendedor de cigarros, console central, carpete no assoalho, revestimento interno na cor preta, hidrovácuo do freio e estava equipado com acessórios de época, como volante Grand Prix (aquele com o desenho de um capacete no botão da buzina), manopla do câmbio estilo "taco de golfe" e pneus radiais novíssimos!  No dia seguinte, mandamos instalar o toca-fitas TKR cara-preta que havia sido do Chevette, 1980, Verde Samambaia Metálico.

Nessa época, meu irmão Wallistein morava conosco em Pirassununga e dávamos vários rolês pela cidade, tanto com o Del Rey, quanto com esse Passat. Eu me apaixonei por este carrinho! Lembro do cheiro do seu interior, do som do reloginho e do ronquinho do motor até hoje! E como era leve! Arrancava muito bem, se considerar que o motor era um 1500 cc de carburação simples. O câmbio de 4 marchas era fantástico, curtinho, leve e preciso - aceitava trocas rápidas, sem reclamar! A direção era bem direta, também leve e precisa, a suspensão firme, ao contrário do câmbio, direção e suspensão do Del Rey - mais apropriados para uma condução tranquila.

Em 1992, um Del Rey 4 portas na cor prata metálica chamava muito mais atenção das gatinhas do que um Passat faróis redondos de cor bege. Os boys da época poderiam até torcer o nariz para o Ford, mas as meninas gostavam, hehehe. Então, quando eu queria dirigir "esportivamente", saía com o Passat; quando queria fazer uma graça com as garotas, pegava o Del Rey.

Era um modelo "3 portas", ou seja, a enorme tampa traseira se abria e dava acesso ao interior do veículo. Era bem prático e do banco traseiro era possível acessar o porta-malas, porém a tampa era barulhenta e não havia nada que resolvesse aqueles "grilos".

A "terceira porta", traseira, era prática, mas também fonte de muitos "grilos" 
O acabamento do carro era sofrível, o painel tinha algumas trincas, fazia barulho nas portas dianteiras e nos bancos. Era bem simples, se comparado ao Del Rey ou mesmo ao Corcel II L, 1979, ou Chevette, 1980 que tivéramos. Mas os atributos deste carro eram outros, que os carros citados não tinham.

Eu só tinha 15 anos e andava de carro pela cidade toda, de dia e de noite (outros tempos)! Mas foi com esse Passat que dei fuga da polícia pela primeira vez na vida (isso mesmo, primeira, pois dois anos depois também dei fuga com um Fiat Prêmio CS, 1988, também com motor  1500 cc, Bege Corinto (parece que a combinação de cor bege com motor 1500 cc, atraía policiais, hahaha).  Mas essa história contarei posteriormente, na postagem do Fiat Prêmio.


O Fiat Prêmio CS, 1988, que tivemos dois anos depois, também era da cor bege (Bege Corinto) e possuía motor 1500 cc. 
Então, na noite da "fuga", fui com meu irmão Wallistein e minha irmã Thaís buscar minha outra irmã Alyne na casa de uma colega dela. Pegamos a Alyne e, quando passávamos pela Avenida Painguás, cruzamos com uma viatura da Polícia Militar, uma Santana Quantum 1.8 (daquelas quadradas, das primeiras que saíram), com 4 policiais dentro. Eu me assustei e acelerei!  A viatura pensou por uns instantes, ligou o giroflex e iniciou uma perseguição, porém, eu já estava bem adiantado! Da Avenida Painguás para minha  ex-casa na Vila Steola, há uma subida bem íngreme! Passat leve, eu era magrinho, meu irmão também e minhas irmãs crianças. A Quantum era bem pesadona, com 4 policiais enormes dentro. E eu acelerei primeiro e abri vantagem! Conclusão, a viatura não conseguiu me alcançar! Quando cheguei em frente de casa, o portão da garagem estava aberto, entrei com tudo, descemos do carro e fechamos o portão! Nisso, a Quantum passou com tudo em frente! Mas já era! Hoje vejo o tamanho da loucura que fiz, com meus irmãos dentro! Mas aos 15 anos, foi emoção pura! Kkkkkkk

Nesse carro que comecei a apreciar uma condução mais "esportiva". Até então, eu preferia carros macios, como Corcel II, Del Rey, Variant II e Chevette.

O Fiat 147, 1979, Branco Alpi, que tivéramos até março de 1992 não foi suficiente para eu apreciar uma direção mais esportiva, como fazer curva fechada em alta velocidade, pois eu o achava "duro" e com pouca potência! Mas o Passat, sim! Não era o carro mais veloz de sua época; mas mesmo em 1992, permanecia ágil e divertido!

Quantos rolês meu irmão e eu demos com ele! Lembro de uma vez, véspera de jogo do Santos pelo campeonato brasileiro, fomos a um bar com este carro, meu irmão pediu um rabo-de-galo e eu um copo de vinho! Lembro que o Wallistein disse que o Flamengo seria campeão e ri da cara dele. Mas o tempo mostrou que ele tinha razão! Saí meio "grogue" do bar, após um grande copo de vinho, acelerando o Passatão!

Foram meses inesquecíveis! Dia 06 de julho meu irmão voltou para Campinas. E dia 09 do mesmo mês, mudei com minha família para Bebedouro/SP. Na nova cidade, senti muito a falta do meu irmão e dos rolês por Pirassununga! Sem contar das piadas, da "menina da CB 400", dos filmes que assistimos (lembra de "Jorge, Um Brasileiro"?). Mas a vida prosseguiu. De Bebedouro, fizemos algumas viagens com ele! Várias para Ribeirão Preto, algumas para Pirassununga e uma para Campinas. O carro era valente e nos 11.000 km que rodamos com ele, não deu nem um problema mecânico. Porém, a parte elétrica era problemática e foi algumas vezes para oficina por panes no sistema elétrico!

O primeiro carro que dirigi na estrada, foi este. Porém, não passei de 90 km/h, indicados pelo charmoso velocímetro que marcava as "dezenas ímpares" (ou seja, indicava 30, 50, 70...até 190 km/h, em vez de 20, 40, 60, 80 mais usuais).

O painel do nosso tinha um relógio no lugar do conta-giros; sempre fui apaixonado por este grafismo e pelo ícone da posição das marchas entre os mostradores
O máximo que vi meu pai dando nele foi 140 km/h, nas descidas. Mas nesta velocidade, o motor já fazia bastante esforço, o câmbio de 4 marchas deixava as rotações do motor muito altas e era desconfortável andar assim por muito tempo. Lembrando que era um carro com mais de 15 anos de uso e meu pai não o forçava desnecessariamente. A velocidade de cruzeiro dele era de 110 a 130 km/h - nessa toada, dava para viajar gostoso!

Em dezembro de 1992, após 7 meses e e 11.000 km rodados em nossas mãos, meu pai achou um negócio que considerou "irrecusável". Assim, o saudoso Passat foi vendido em Bebedouro, ainda portando placas amarelas de Pirassununga/SP. O hodômetro registrava 24.000 km, que pelo estado, creio ser 224.000 km. Vi-o por cerca de um ano, ainda com as placas amarelas de Pirassununga. Mas, infelizmente nunca mais tive notícias do primeiro Passat da minha família, que me fez apaixonar por este modelo.

Posteriormente, tivemos mais dois: um Passat GTS, motor 1.6, ano 1983, Azul Búzios Metálico; e outro LS, 3 portas, 1977, motor 1500 cc, Branco Polar. Mas a história destes dois contarei mais para a frente.

Próxima postagem: Volkswagen Fusca 1300, ano 1970 (primeira série), Bege Claro.

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