segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Volkswagen Passat LS, 1977, Branco Polar.

O nosso possuía bancos dianteiros com encosto alto (originais)

Esse Passat branco do cantinho era o nosso - viagem a Hortolândia/SP
O nosso era idêntico a este
O nosso também tinha este volante e a faixa no painel imitando madeira jacarandá; porém, o nosso tinha relógio original naquele espaço ao lado do velocímetro


No penúltimo domingo de novembro de 1993, fui com meu pai à Feira do Automóvel que funcionava no estacionamento do shopping de Bebedouro/SP. Procurávamos um carro mais velho que a Ford Belina II LDO, 1.6 à álcool, com câmbio de 5 marchas, ano 1980, Branca Nevasca, com interior monocromático marrom, que vendemos no dia anterior. Meu pai estava desempregado há 2 meses e tinha pouco dinheiro no banco. Portanto, nos tempos de inflação alta, queria comprar um carro mais barato e aplicar a diferença, para ter uma "renda".

Vimos todos os veículos disponíveis na Feira e, dentre os da faixa de preço que procurávamos, nenhum valia apena. Até que chegou um rapaz com um Passat LS, 3 portas, 1977, Branco Polar, todo original, com seus charmosos faróis redondos. O carro estava super conservado e mantinha todos os detalhes de fábrica! Era básico, mas tinha carpete no assoalho, rádio AM/FM original da Volkswagen, bancos dianteiros com encosto alto (originais - inclusive o tecido), ventilador, console central, entre outros mimos.

Quem tinha levado o carro à Feira, foi o irmão do dono. Este, tinha comprado uma Caravan 1984 e queria se desfazer do Passatinho. Segundo o rapaz, o irmão tinha comprado o Passat na cidade de São Paulo, no início de  1984, ou seja, estava com o mesmo há praticamente 10 anos. Meu pai me chamou de lado e disse: "Ou é este ou nenhum!". O carrinho estava ainda com as charmosas placas amarelas, registrado na cidade de Viradouro/SP.

Andamos no carro e estava em perfeito estado, apesar dos praticamente 17 anos de uso! O hodômetro indicava 58.000 km, mas o rapaz informou ser, na realidade, 158.000 km, pois os Passat deste ano zeravam o hodômetro quando passavam de 99.999. Completou a informação de que o irmão o havia comprado em 1984 com 60.000 km originais e tinha rodado, desde então, mais 98.000 km.

O carro arrancava bem, freava bem, era justo e firme, direção e câmbio precisos! Não estava impecável! Tinha algumas marcas do tempo, como pequenos amassados na lataria, algumas pequenas trincas no painel e o tecido dos bancos estava um pouco desgastado. Mas daquele ano, naquele preço e com aquela originalidade, dificilmente encontraríamos outro. Foi relativamente barato: custou 60% do preço pelo qual vendemos a Belina II LDO, 1980. Fechamos negócio e fui com meu pai a Viradouro (40 km em ida e volta) levar o rapaz, pagar o irmão dele e pegar a documentação. Tudo acertado, voltamos para casa com nosso terceiro (e, infelizmente, último) Passat.

No entanto, devido ao desemprego, estávamos trocando para carros cada vez mais antigos e baratos. Lembro que meu pai prometeu que, se arrumasse um emprego antes do Natal, iria comprar um carro zero quilômetro para comemorar. Se tudo desse certo, seria o nosso primeiro carro zero!

Na quinta-feira seguinte, meu pai e eu pegamos estrada para Rio Claro/SP, cerca de 500 km em ida e volta. Ele tinha uma entrevista de emprego para fazer, então fui com ele de Passat. Saímos às 4h30 da manhã de Bebedouro, pois a entrevista era às 8h. O Passat deu sorte, pois antes das 10h, meu pai saiu da sala dizendo que o emprego era dele! Ia trabalhar na cidade de General Salgado/SP, na Usina Generalco. Voltamos com o Passat  e chegamos em casa antes das 13h. Precisávamos descansar, pois no dia seguinte teríamos outra viagem para fazer: iríamos com a família toda para Hortolândia/SP, pois minha irmã Roberta que mora lá, iria se casar com meu cunhado Celso no final de semana.

No dia seguinte, após o almoço, pegamos mais uma vez a estrada com o Passat 1500 cc. O bichinho andava bem, com velocidade de cruzeiro entre 110 e 130 km/h. Talvez ele alcançasse velocidades maiores, mas meu pai não queria forçá-lo. Chegamos em Hortolândia no final da tarde, após 300 km de viagem. De noite, meu pai, meu cunhado e eu fomos de Passat a Campinas, no estádio Brinco de Ouro da Princesa, assistir a um jogo do Guarani (meu cunhado Celso é bugrino) contra o São Paulo.

No dia seguinte, foi a cerimônia e a festa de casamento! A segunda foto desta postagem foi tirada neste dia, na casa em que minha irmã Roberta morava na época (na mesma foto, estão um Monza SL/E 1.6, 1984; e um Fiat Uno CS 1300, ano 1987; ambos eram de tios meus.

No domingo, voltamos para Bebedouro e o carro sempre muito bem na estrada! Fizemos outras viagens com ele, porém curtas, como algumas a Ribeirão Preto (em uma delas, fui com meu pai levar minha irmã Alyne - que na época tinha 9 anos - para assistir a um show da cantora Angélica o estacionamento do Ribeirão Shopping! kkkkkkkk

Com este Passat, comecei a ir de carro (sozinho) para a escola, aos 16 anos. A minha escola, E E. Dr. Paraíso Cavalcanti, havia ficado 2 meses em greve. Então, houve reposição de aulas de noite! Morávamos longe do centro e o caminho era feito por ruas e avenidas desertas naquela época! Então meus pais disseram que eu poderia ir à reposição de aulas de noite, com o Passat (outros tempos)! Guardo um carinho muito grande deste carro por isto! Que delícia era voltar a noite para casa, ouvindo um rock no som do Passat! Que sensação de liberdade! Os meus colegas babavam no carrinho - apesar de ser um antigo, o Passat ainda era querido pelos jovens! Fui algumas vezes ao lago da cidade com ele! Bons tempos!

Enfim, meu pai começou a trabalhar em General Salgado (distante 250 km de Bebedouro). Ele ia de carona com um colega, na segunda de madrugada e voltava na sexta de noite.

E cumpriu o prometido: na segunda semana de dezembro de 1993, comprou um Fiat Uno Mille Electronic, 2 portas, ano de fabricação 93 modelo 94, Azul Cristal Metálico. Zerinho, zerinho! Fui com ele buscar o carro em Diadema/SP, na Grande São Paulo (a 400 km de Bebedouro). Mas esta história ficará para a próxima postagem.

Apesar de ter comprado o Uno Mille em meados de dezembro, permanecemos com o Passat como segundo carro até o finalzinho de fevereiro de 94. Após 3 meses e 5.000 km rodados conosco (163.000 km no hodômetro), o Passat era vendido a um pedreiro que morava no meu bairro. Ele passava em frente de casa todo dia e via o Passat estacionado no sol, enquanto andávamos no carro zero. Insistiu, insistiu, até que fez uma boa oferta e meu pai vendeu o carro a ele - que queria este Passat, porque era 3 portas e seria prático para carregar as ferramentas do seu trabalho.

Dias depois ele transferiu o carro para Bebedouro e colocou placas cinzas, em substituição às amarelas de Viradouro. Infelizmente não anotei as novas placas, pois seria possível saber o paradeiro dele.

Apesar de o pedreiro utilizá-lo para trabalhar, cuidava bem do carro! Em 1999, 5 anos depois, lembro que ainda tinha o mesmo carro  e estava em boas condições - apesar das marquinhas do tempo. Talvez, ainda hoje, ele esteja rodando! Quem sabe?

A terceira porta era a do porta-malas, que abria por inteira e dava acesso ao carro; prática, porém dava muito barulho interno

Próxima postagem: Fiat Uno Mille Electronic, 2 portas, 93 modelo 94, Azul Cristal Metálico.




Ford Belina II LDO, 1980, Branca Nevasca.

A Belina II 1980 ganhou polainas plásticas complementando os para-choques

Idêntica à que minha família teve

A nossa também tinha limpador e lavador do vidro traseiro

Acabamento interno maravilhoso! Idêntico ao da nossa - contrastava perfeitamente o branco do exterior, com o marrom do interior

Manual do Proprietário dela - guardo até hoje

Não sei o motivo, mas o primeiro dono retificou o motor, em uma concessionária Ford, aos 42.000 km




Dia 21/09/1993, meu pai pegou uma Ford Belina II LDO, motor 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, ano 1980, Branca Nevasca, com interior monocromático marrom, como parte de pagamento do Ford Del Rey "Série Ouro", 1.6 CHT, 1984, Cinza Nimbus Metálico que tinha vendido. O comprador do Del Rey deu a Belina II, mais 55% do valor dela em dinheiro - inclusive, pagou com dólares.

Esta Belina era bem completa: possuía limpador e lavador do vidro traseiro, rádio/toca-fitas original Philco/Ford, interior monocromático marrom, motor 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, apliques imitando madeira no painel e laterais de porta, entre tantos outros opcionais. Possuía placas amarelas, LR-8998, de Terra Roxa/SP. 

Pelos relatos do vendedor - comprovados pelo manual do proprietário e pelas notas fiscais de serviços/compra do veículo, a história dela foi mais ou menos assim: em novembro de 1980, um senhor que morava em Severínia/SP, veio a Bebedouro e comprou, na antiga concessionária Ford Agrodouro, esta Belina, zero quilômetro. Apesar de residir em Severínia, sempre vinha fazer as revisões na concessionária de Bebedouro. Assim foi até que, em novembro de 1987, exatamente 7 anos após sua compra e apenas 42.000 km rodados, não sei por qual motivo, o motor precisou ser retificado e o serviço foi feito pela concessionária Ford Agrodouro. O dono andou com ela mais 4 meses e, em março de 1988, deu-a, na própria Agrodouro, como parte do pagamento de uma Belina Del Rey 1988, zero quilômetro. 

Um rapaz, que morava em Terra Roxa, procurava um carro usado, mas confiável para comprar e trabalhar como vendedor de auto-peças. Por coincidência, viu o senhor de Severínia estacionando esta Belina II 1980 em frente à concessionária e foi perguntar se era de venda. Este, explicou que havia acabado de entregar a perua na concessionária, como parte do pagamento de uma Belina Del Rey zero quilômetro. Então, o rapaz entrou na seção de seminovos e, no mesmo dia, comprou a Belina, pois estava bem conservada, pouco rodada (apenas 45.000 km, apesar dos 8 anos de uso) e o motor estava na garantia. 

Ficou com ela por 5 anos e 6 meses e rodou 148.000 km, vendendo auto-peças nas cidadezinhas da região. Em setembro de 93, passou-a para o meu pai com 193.000 km no hodômetro. Em princípio, ficamos assutados com a alta quilometragem, mas o carro estava super conservado e bem revisado. Não tinha retoques na pintura, o estofamento estava protegido com capas (tiramos as capas no mesmo dia, pois eram muito feias), rodava bem justa e firme.

Nesta época, meu pai ia pelo menos duas vezes por semana de Bebedouro a Ribeirão Preto e a peruinha viajava macia e tranquila pelas  estradas, sempre a 130, 140 km/h com folga. O estilo do interior lembrava muito as peruas dos filmes norte-americanos dos anos 80 e eu achava isso um charme! Meu maior sonho era meu pai arrumar logo um novo emprego e, assim que tivesse direito a férias, viajasse conosco para sua cidade natal, a litorânea Parnaíba, no Piauí. A Belina estimulava esses sonhos! Deveria ser delicioso fazer uma viagem de mais de 6.000 km (em ida e volta), com aquela perua Ford!

De noite, eu ficava dentro da Belina, ouvindo música no rádio/toca-fitas original Philco/Ford e sonhando com uma grande viagem com aquele carro, mas, infelizmente, nunca aconteceu. 

A Belina não dava problemas, porém, no início de novembro, houve um princípio de incêndio no distribuidor. Estava com meu pai passando perto do Bebedouro Shopping, o carro afogou e percebemos fumaça atravessando o capô. Abrimos a frente e vimos o fogo! Pegamos o extintor, mas estava descarregado. Por sorte, um Gol CL prata parou ao nosso lado e seu dono apagou o fogo com o extintor dele. Até hoje não sei como agradecer a esta pessoa, pois por pouco não perdemos o carro, que tinha um certo valor na época e era o único bem que nós tínhamos, em um período que meu pai estava desempregado. 

Chamamos nosso mecânico, que rebocou a Belina e a reparou. Ficou como nova! Mas tivemos que mandar repintar o capô, pois este havia ficado escuro. 

Na semana do dia 20 de novembro de 93, um senhor que trabalhava na empresa Ferticitrus e era vereador de Bebedouro, por algum motivo passou em frente de casa e viu a Belina parada na nossa garagem. Parou e perguntou se queríamos vender. Respondemos que não! Mas ele pediu para olhá-la. Deixamos! o senhor ligou o motor, mexeu no câmbio, olhou todos os detalhes e fez uma proposta de compra. Meu pai recusou-a. Ele aumentou o valor da proposta. Novamente uma recusa! Então ele pediu para colocarmos preço. Meu pai disse que não tinha intenção de vendê-la, mas o senhor continuou insistindo. Então, meu pai chutou um valor que dava para comprar uma Belina 82. O senhor tentou pechinchar, mas meu pai disse que não! Por fim, para nossa surpresa, ele pagou o que foi pedido. Disse que já havia tido uma idêntica àquela, mas que por um motivo precisou vendê-la e queria comprar uma igual. Na noite seguinte, o senhor levou a quantia em dinheiro, pagou e foi embora com o carro. Vale lembrar que, até meados dos anos 90, os carros das linhas Corcel II/Belina e Del Rey eram bem procuradas no interior de SP (desde que os veículos estivessem bem conservados). 

Após 2 meses e 4.000 km rodados nas nossas mãos, a Belina II ia embora com seu novo dono, ostentando 197.000 km no hodômetro. 

O curioso é que, 3 meses depois, este senhor a deu como parte do pagamento na compra de um Ford Escort 1.6 Hobby. Ficamos sem entender nada, pois ele insistiu tanto para comprá-la, pagou acima do que valia e ficou tão pouco tempo com o veículo! Vai entender! 

Algumas semanas depois, ela foi vendida a um novo dono, que a transferiu para Bebedouro e trocou as placas amarelas de Terra Roxa, por novas chapas cinzas. Durante 13 anos, via essa Belina, com este mesmo dono! Estava bem conservada ainda! Eu deveria ter anotado as novas placas, pois assim daria para consultar seu paradeiro hoje! Infelizmente não fiz isso. Não sei por onde ela anda, mas a última vez que a vi, foi em 2006, passando conservadíssima por uma rua do Jardim Alvorada. Acredito que ela ainda esteja inteirona, firme e forte!

Próxima postagem: VW Passat LS, 3 portas, 1977, Branco Polar. 

Ford Del Rey Ouro, 1984, Cinza Nimbus.

O nosso tinha placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP

Esse também é um Del Rey "Série Ouro", 1984 (que espetáculo de estofamento!); porém o nosso era da cor Cinza Nimbus Metálico

Nosso Del Rey era da cor deste Escort XR-3
Na 2ª semana de setembro de 1993, meu pai trocou o Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico, por um Del Rey "Série Ouro", motor 1.6 CHT à álcool, câmbio de 5 marchas, 1984, cor Cinza Nimbus Metálico, com rodas de liga-leve, faróis de milha de fábrica, rádio/toca-fitas Philco/Ford, travas das portas, antena e vidros elétricos, completíssimo (menos ar condicionado), com manual do proprietário, chave reserva e apenas 36.000 km rodados. Ainda estava com pneus originais, estepe sem uso e parecia um carro zero quilômetro. A quilometragem com certeza não havia sido adulterada! Era o carro mais conservado que tivéramos até então! E o menos rodado! Ele tinha placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP e estava nesta cidade havia dois anos (desde 1991). 

Pelo histórico da documentação e das notas de serviços, o carro foi de um dono de 1984 até 1991. Este morava em São Paulo, onde tirou o carro zero quilômetro na Ford Auto Capital (o manual indicava, através dos carimbos e notas afixadas, que todas as revisões foram feitas nesta concessionária até os 29.000 km, no início de 1991). Em meados de 91, ele foi vendido como seminovo pela própria Auto Capital (essa negociação constava no manual e em uma nota fiscal) para um novo dono, que morava em Monte Azul Paulista. Este ficou com o carro por dois anos e andou apenas 7.000 km. Em setembro de 93 deu-o como parte de pagamento na compra de um Fiat Prêmio CSL 1.6, 4 portas, zero quilômetro. 

Na manhã de uma segunda-feira, um "corretor" conhecido como "Dito", que negociava carros usados, o pegou na Luiza (antiga concessionária Fiat de Bebedouro) e foi até em casa tentar negociá-lo com meu pai, pois sabia que este queria trocar o veículo. Ele disse que tinha uma parceria com a  concessionária Fiat: que se meu pai comprasse o Del Rey (que tinha sido passado para este "corretor" vender), ele ficaria com o nosso Volkswagen para revender e acertaria com a concessionária. Então meu pai voltou a diferença combinada: 30% do valor do Passat, em dinheiro. No dia seguinte, o "corretor" já vendeu o Passatinho para um novo dono.

Meu pai tivera um Del Rey Ouro 1982 e o havia trocado devido ao baixo desempenho. Mas o anterior era à gasolina, tinha ar condicionado (que piorava o rendimento) e possuía o motor antigo (aquele "azul", originário da Renault). Este era à álcool e já tinha vindo de fábrica com o motor mais novo, o famoso CHT. Além disso, o carro era completamente zerado! Um espetáculo de beleza e conservação! Chamava mais atenção do que muito Monza do mesmo ano! E meu pai sempre gostou de Corcel II e de Del Rey! Então, fechou negócio, abasteceu e já foi me buscar na escola com ele. 

Em princípio, não gostei, pois eu queria um carro mais jovem. Mas quando observei os detalhes do novo Ford, fiquei encantado! Que conservação! E quanta maciez! Na mesma tarde fomos a Ribeirão preto com ele e lembro da sensação da "banheira" flutuando pela rodovia a 150, 160 km/h! Só quem já viajou com um Del Rey CHT (Ouro ou Ghia), com quilometragem baixa, saberá sobre o que estou falando! 

No dia seguinte, fomos novamente a Ribeirão Preto de tarde! E de noite eu o pegava para dar um rolezinho por Bebedouro, hehehehehe. 

Meu pai estava em férias há 20 dias pela FRUTESP (atual Coimbra Citrus), onde trabalhava. E utilizou o 1/3 de férias, mais os 10 dias de férias que "vendeu para a firma" e as economias que tinha na poupança, para trocar o Passat neste Del Rey. 

Dois dias após tê-lo comprado, em uma quarta-feira, meu pai voltou ao trabalho. E na sexta-feira, foi demitido! A empresa havia mudado de dono e houve a demissão coletiva de 600 funcionários! Meu pai recebeu a indenização trabalhista e o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), mas não foi muito significativo, pois trabalhava nesta empresa há apenas 1 ano e 6 meses. 

Ficamos desesperados, pois o país passava por uma recessão e sabíamos que não seria fácil conseguir um novo emprego. A sorte é que naqueles tempos de alta inflação, carros com até 8 ou 9 anos de uso, bem conservados e com boa aceitação no mercado, valorizavam um pouco mais do que a poupança e, parece surreal, mas ao contrário de hoje, funcionavam como bons "investimentos" (dependia do carro, claro! Não era qualquer um que valorizava tanto ou um pouco mais do que a poupança). 

Na quarta-feira seguinte, meu pai anunciou o Del Rey nos classificados do jornal Gazeta de Bebedouro, pois queria trocá-lo por um mais barato e aplicar a diferença no banco. Na tarde do mesmo dia, apareceu um vendedor de peças de automóveis, que morava em Terra Roxa, mas trabalhava em uma distribuidora de auto-peças em Bebedouro, chamada Tona Auto-Peças. Ele vendia as peças nas oficinas das cidades da região e disse que rodava 1.000 km por semana. No entanto, como ele vendia peças e as negociava com mecânicos, alegou que, apesar da alta quilometragem, seus carros eram sempre bem revisados e super bem cuidados. 

O vendedor simplesmente se apaixonou pelo Del Rey e ofereceu seu carro - uma Belina II LDO, 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, cor Branca Nevasca, com interior monocromático marrom e impecável, apesar dos 193.000 km registrados no hodômetro - como parte do pagamento. Meu pai gostou da Belina, principalmente do seu estado de conservação. Era bem completa e tinha pintura original - nunca havia sido batida -, era de 2º dono, acompanhava o manual do proprietário e a chave reserva. Foram 3 dias de negociação, pois o dono da Belina não queria voltar a diferença que meu pai pedia. Mas no sábado, ele finalmente concordou em pagar (estava fascinado pelo Del Rey). Lembro que ele deu a Belina, mais 55% do valor dela. Pagou em dólares, no ato! 

Assim, após 12 dias, e apenas 1.000 km rodados nas nossas mãos, o Del Rey mudava de dono, com 37.000 km registrados no hodômetro. Na época, eu tinha uma namorada em Terra Roxa (cidade onde o novo proprietário morava) e até 1999 o via passeando nos finais de semana, pelas ruas de Terra Roxa, com o Del Rey encerado e conservadíssimo, ainda com as placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP (acredito que tenha transferido o carro para o seu nome, com algum endereço de Monte Azul Paulista, pois lembro que ele disse que não queria trocar as placas amarelas - se transferisse de município. obrigatoriamente teria que trocar pelas placas cinzas). 

Não sei por quantos anos ele ainda ficou com o Del Rey, mas creio que este carro ainda exista! Provavelmente, ainda deve estar bem conservado! O novo dono era cuidadoso demais e o Ford iniciou os anos 2000 ainda impecável! Como será que anda hoje?

Até hoje guardo o Manual do Proprietário deste Del Rey

Próxima postagem: Ford Belina II LDO, 1.6, ano 1980, Branca Nevasca, com interior monocromático marrom. 

domingo, 1 de novembro de 2015

Fiat Elba CS, 1988, Azul Florença.

A nossa Elba era idêntica a esta, só que muito nova, na época. Cor "Azul Florensça".

Azul Florença, como o deste Uno 88

Nos primeiros dias de setembro de 1993, em um frio início de noite de uma sexta-feira, fomos a Sertãozinho/SP, distante 55 km da cidade de Bebedouro, onde moramos/morávamos, buscar nossa Fiat Elba CS, motor 1500 cc à álcool, ano 1988, cor Azul Florença, que estava à venda na seção de seminovos da concessionária Ford Ortovel - segundo o vendedor, uma mulher de Viradouro, que era a única dona da Elbinha, a deu como parte de pagamento na compra de um Escort 1.6 Hobby zero quilômetro.

A perua era Azul Florença, um azul escuro que contrastava bem com o tecido do estofamento (cinza claro). Não era um azul metálico; era um azul sólido, como o do Fiat Uno da imagem acima. Tentei encontrar a imagem de uma Elba dessa cor no Google, mas só consegui de peruas bem mal tratadas. Então, resolvi colocar a do Uno como referência. 

O carro era de única dona, tinha manual do proprietário, chave reserva, selinhos de fábrica no para-brisa, registrava 61.000 km no hodômetro e estava com placas amarelas, de Viradouro/SP. Era o carro mais novo (5 anos de uso) e menos rodado que minha família tinha conseguido comprar até então! E tem mais! O único que ainda estava em fabricação no momento da compra (tivéramos Chevette, mas não do modelo em fabricação no momento). 

Meu pai deu um Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico, e mais 30% do valor do mesmo pela Elba. Esta tinha câmbio de 5 marchas, limpador e desembaçador do vidro traseiro, conta-giros no painel, relógio digital no teto, abertura interna do porta-malas (era bem legal, bastava puxar uma pequena alavanca próxima ao banco do motorista, que a tampa traseira abria - era bem "futurista"), repetidores de seta nas laterais, além disso era bem espaçosa, tinha uma grande área envidraçada e um painel moderno. Claro que eu, aos 16 anos de idade, preferia carros esportivos; mas meus pais e minhas irmãs (estas ainda não dirigiam)  queriam um carro mais moderno que o Passat. E eu sempre gostei de peruas, ainda mais esta, que era daquele azul forte! Além disso, a Elba fazia muito mais sucesso entre as meninas, do que o Passat, hehehehe. A Elba não era tão bonita quanto a Parati, mas custava bem menos! Uma Parati CL 1.6 do mesmo ano, custava bem mais e ainda era menos equipada. 

O painel, com conta-giros, era bem moderno; a nossa tinha apenas 61.000 km registrados no hodômetro

Na manhã seguinte, lá fui eu passear com a Elba pelas ruas do bairro. Apesar de ser uma perua, era bem levinha! Experimentei uma dirigibilidade bem diferente do Passat e dos demais carros que tivéramos até então! Aliás, até os anos 80, os carros de cada marca (ou mesmo dentro da mesma marca), tinham comportamento bem diferentes: câmbio, suspensão, direção, pedais. Você saía de um modelo e passava para outro, era como entrar em um outro mundo. Os automóveis de hoje, estão cada vez mais parecidos.

Passamos a fazer planos de viajar com aquela Elba Azul para Parnaíba, Piauí - cidade litorânea onde meu pai nasceu. Apesar de ser pequena por fora, era bem espaçosa por dentro, além de ágil e econômica - combinação perfeita para uma viagem longa. Pena que não foi possível fazê-la com este carro.

A nossa também tinha relógio digital no teto
O vendedor da concessionária Ford Ortovel disse que o carro estava todo revisado e que tinha garantia de 3 meses. Portanto, nem nos preocupamos em levá-la a um mecânico: fizemos um test drive, estava tudo joinha, então a compramos. Nos três primeiros dias, ela rodou legal. Mas no quarto, começou a presentar inúmeros problemas: motor de arranque começou a falhar nas partidas, freio baixou de uma vez, 3ª marcha começou a arranhar, passou a falhar e afogar nas esquinas. E até o sétimo dia, os problemas foram aumentando, inclusive com alguns vazamentos de óleo e de água. 

Levamos o carro a um mecânico de confiança, que fez o orçamento para uma revisão geral. Horas depois, ele nos ligou e disse que provavelmente o carro nunca tinha passado por uma revisão, que a maioria das peças eram originais. E deu uma enorme lista de serviços que precisariam ser feitos (tenho o orçamento guardado até hoje):
  • bomba d'água estava vazando;
  • radiador também estava vazando;
  • junta do cabeçote estava queimada;
  • um amortecedor traseiro e outro dianteiro estavam com vazamento (precisaria trocar os quatro);
  • os pneus estavam com desgaste irregular (teria que trocar os quatro);
  • trocar as buchas do braço oscilante;
  • trocar as velas;
  • limpar carburador;
  • trocar correia dentada;
  • reparar motor de partida;
  • trocar burrinho de freio;
  • trocar trambulador do câmbio;
  • trocar kit de embreagem (estava começando a patinar);
  • revisar parte elétrica (estava com várias lâmpadas queimadas e acessórios com mau funcionamento).
O mecânico disse que o motor realmente estava novíssimo, mas que a dona anterior não fazia manutenção. Em 1993, peças e mão de obra de carros da linha Uno eram caríssimos no interior de SP. E não era qualquer mecânico que tinha as ferramentas para fazer o serviço. A conta ficaria bem alta! Meu pai ligou na Ortovel para reclamar, pois apesar de a garantia de 3 meses ser referente a motor e câmbio, o vendedor afirmou que o carro estava todo revisado e que nem precisávamos levar a um mecânico. Além disso, nosso Passat não tinha nada para fazer (estava completamente revisado, apesar de ter 10 anos de uso e estar com 146.000 km). Felizmente, meu pai nem precisou insistir muito. O vendedor respondeu, que a Ford Ortovel prezava pela satisfação do cliente e que se meu pai não estivesse satisfeito, que poderia levar a Elba de volta para Sertãozinho, que o negócio seria desfeito, sem taxas de arrependimento ou qualquer tipo de ônus. Disse que o nosso Passat ainda estava lá e que eles devolveriam a quantia que meu pai havia pago. 

Eu havia me apaixonado pela Elba e tentei argumentar com meu pai, pedindo para ele ligar lá e perguntar se a Ford Ortovel pegaria pelo reparo do carro. Mas meu pai não quis nem saber! Estava desgostoso com o carro e queria devolvê-lo. Assim, na manhã do dia seguinte, um sábado, após apenas 8 dias e 500 km rodados nas nossas mãos, a levamos para Sertãozinho e trouxemos de volta nosso Passat GTS. Eu amava o Passat, mas lembro da minha frustração ao voltar nele. Era um carro esportivo e bacana, os jovens adoravam; mas era bem mais apertado, baixo, com menos visibilidade, mais barulhento, o motor girava em altas rotações na estrada (devido ao câmbio de 4 marchas) e não tinha os mimos da perua, como relógio digital no teto, abertura do porta-malas pelo interior do veículo etc.. E a Elba tinha mais presença entre as meninas, hehehehe. Lembro que, nas poucas vezes em que saí com ela, fiz maior sucesso com as gurias. Mas bola pra frente! 

Dois dias depois, segunda-feira, meu pai foi me buscar na escola, E. E. Dr. Paraíso Cavalcanti, de carro. Mas não estava mais com o Passat. Ele precisou buzinar para que eu o visse, pois não imaginei que iria trocar de carro naquela manhã.

Aos 146.000 km, após 4 meses e 13.000 km rodados nas nossas mãos, o Passat GTS mudava de dono! Dias depois lembro de ter visto o carro com placas novas, cinzas, pois o novo proprietário o transferiu para Bebedouro/SP. Mas infelizmente não anotei a placa nova, então hoje seria difícil descobrir o paradeiro dele. Será que ainda existe? Se existir, em que estado estaria?

Próxima postagem: Ford Del Rey Ouro, 1984, Cinza Nimbus Metálico.

sábado, 31 de outubro de 2015

Volkswagen Passat GTS, 1983, Azul Búzios.

Até hoje acho essa frente, com 4 faróis quadrados, moderna
Foi em 07/05/1993, no dia em que completei 16 anos, que um Passat GTS 1.6, ano 1983, Azul Búzios Metálico, idêntico ao da imagem acima, foi comprado pelo meu pai  (porém, o nosso tinha o emblema "GTS" na grade dianteira, não possuía faróis de milha e as rodas eram diferentes).

O nosso tinha rodas iguais a estas, emblema "GTS" na grade dianteira e também não possuía faróis de milha; porém, a cor era Azul Búzios Metálica, como a do Passat da 1ª foto

Foi paixão à primeira vista! Lembro-me dele parado em uma loja de carros usados na cidade de Bebedouro/SP, onde morava na época e voltei a morar há alguns anos. Meu pai trocou um Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico Metálico pelo GTS. Foi uma troca pau a pau (meu pai pagou apenas a comissão do vendedor - um valor irrisório, creio que o equivalente a uns R$ 300,00). 

Pegávamos muito rodovias de pista simples na época e precisávamos de um carro mais ágil para ultrapassagens. Como eu estava fazendo 16 anos, indiquei o GTS. Meu pai gostou da ideia, pois tinha ficado satisfeito com um Passat LS, 1977, Bege Saara que tivéramos no ano anterior. 

Este era ainda mais potente e ágil: motor 1.6 MD-270, à álcool, câmbio de 4 marchas, direção leve e precisa. Marcava 133.000 no hodômetro, mas parecia carro zero, de tão justo e silencioso! O acabamento em perfeito estado! Lembro-me perfeitamente da sensação que senti a primeira vez que o dirigi: câmbio curto, leve e preciso, direção leve e direta, suspensão firme e irrepreensível, freio eficiente, ronco do escapamento delicioso, painel e console central charmosíssimos... Enfim, o carro mais saboroso que eu já havia dirigido até então! 

E como arrancava!  E como freava! E como fazia curva!

Aquela frente com 4 faróis redondos ainda era repeitada em 1993! Associada às rodas de liga-leve, emblema com a inscrição em vermelho "GTS"! Por dentro, volante esportivo com 4 botões de buzina, conta-giros no painel, console central com 3 reloginhos, encosto de cabeça nos bancos traseiros... rádio toca-fitas original Volkswagen, tocando Queen, U2, Barão Vermelho, Titãs... Eu me sentia um adolescente realizado! Coisa que eu adorava era quando os colegas da escola me perguntavam: "Que carro seu pai tem?". E eu respondia, com muito orgulho: "Passat GTS!". 

Na época, meu pai fazia curso de pós-graduação em Ribeirão Preto e ia duas vezes por semana de carro assistir aula; e minha mãe fazia acompanhamento médico e ia pelo menos mais uma vez por semana para a mesma cidade. Ou seja, o carrinho estava sempre na rodovia mostrando ao que veio! 140, 150, 160 km/h eram alcançados em pouquíssimo tempo! Ultrapassava como ninguém! E não fazia feio nem frente aos mais novos! Lembro-me apenas uma vez, em que fui com meu pai à cidade de Novo Horizonte, assistir a um jogo do nosso Santos contra o Novorizontino. Na ida, meu pai foi ultrapassando todo mundo: Monza Hatch, Voyage, Uno... chegando lá, assistimos à vitória do Santos por 3x2, com direito a atuação exemplar do jogador Almir. Na volta, já anoitecendo, meu pai ultrapassou um Gol GTI 2000 cc. O dono, também santista, achou desaforo, nos passou e sumiu na nossa frente - não conseguimos ver nem a placa! kkkkkkkkk

O nosso carro era muito conservado! Veio até com manual do proprietário - o qual guardo até hoje!
Guardo o manual do proprietário até hoje
Ele foi tirado zero quilômetro dia 25/10/1982, mas o curioso é que, no documento, constava ano de fabricação 1983, ano modelo 1983
O primeiro felizardo proprietário
Rodou bem nos primeiros dias de vida. Será que fez alguma viagem?
O painel era idêntico a este: com os reloginhos e rádio no console central, conta-giros no painel, volante com 4 botões de buzina e faixa cinza em volta dos comandos do ventilador
Neste, falta o emblema "GTS", em vermelho (como o da imagem abaixo) - que azul lindo!! Saudades!!
O maior charme era esse emblema na tampa traseira, grade dianteira e nas laterais
Foi o primeiro carro que tivemos que veio com manual do proprietário! O curioso é que o carro foi tirado zero na cidade de Sertãozinho, na concessionária "Verdeterra", dia 25/10/1982; mas no documento, constava ano de fabricação 1983 e ano/modelo também 1983. Eu sempre estranhei isso, pois não deveria constar 82 modelo 83? Ele ainda conservava as placas amarelas da cidade de Sertãozinho: VF-3030 ...placa bonita, não é? Pelos documentos, parecia que nós éramos o 3º dono do carro. Alguém o comprou em Sertãozinho para revendê-lo em Bebedouro (sorte nossa). 

Fora as inúmeras "viagens" para Ribeirão Preto e a em que fomos a Novo Horizonte, fizemos outras viagens a Pirassununga e algumas curtas a Monte Alto, Olímpia, Barretos, Catanduva e Sertãozinho - todas aqui na região! Como eu amava viajar naquele Passat, mesmo no banco de trás, recostando minha cabeça nos encostos de banco traseiros! 

Foi neste carro que comecei a me tornar um motorista melhor, dirigindo com consciência, lendo o conta-giros, aproveitando o torque do motor, fazendo curvas com esportividade... Por isso, guardo as lembranças dele com enorme carinho!

No entanto, meu pai queria um veículo mais espaçoso e moderno. Usado, mas que estivesse em fabricação em 1993. O Passat era esportivo, mas possuía limitações como câmbio de 4 marchas, pouco espaço interno para a nossa grande família e havia saído de linha há 5 anos. Eu amava o carro, claro, afinal eu tinha 16 anos! Mas meu pai, minha mãe e minhas irmãs preferiam um mais novo! Sugeri um Passat GTS Pointer 1.8, mas meu pai respondeu que não precisava de um motor mais potente, queria um automóvel mais moderno e espaçoso!

Em uma tarde fria, sexta-feira do início de setembro (fazia frio em setembro em 1993! Bons tempos...), voltávamos de Passat de Ribeirão Preto para Bebedouro, quando passamos por Sertãozinho (cidade em que ele foi tirado zero quilômetro), meu pai viu na seção de seminovos da Ford Ortovel, uma Fiat Elba, Azul Florença. Ele retornou e foi conosco vê-la! Era uma modelo CS, motor 1500 cc "argentino", câmbio de 5 marchas, ano 1988, com 61.000 km rodados, única dona, com placas amarelas de Viradouro/SP. O vendedor disse que ela havia dado a Fiat Elba como parte de pagamento na compra de um Escort Hobby 1.6 zero quilômetro. 

Eu amava o Passat e preferia um esportivo, mas ao ver a Fiat Elba, gostei do carro! Primeiro porque sempre gostei de peruas! Segundo porque ela era moderna, alta, espaçosa, com painel bem interessante (era um show aquele painel da família Uno dos anos 80, com comandos satélites), conta-giros grande, relógio digital no teto, limpador do vidro traseiro e tinha uma cor linda: não era azul metálica; era um azul sólido e escuro, que passava muita personalidade e combinava com o estilo da perua.

Era do mesmo azul desta da imagem abaixo, porém a pintura estava novíssima, brilhava! Não encontrei outra foto, então postei esta só para passar uma ideia! 

Imagine este azul quando a pintura ainda era nova


Este azul, quando novo, era bem bonito

Queria encontrar uma Elba com este azul, que tivesse com a pintura nova

Enfim, fomos dar uma volta com a Elba. Que silêncio, que leveza, que painel moderno! A pintura azul escura contrastava com o tecido cinza claro dos bancos! E, em 1993, o carro ainda era atual (a Elba foi fabricada até o final de 1996)! Além disso, era relativamente barato! Lembro que meu pai deu o Passat mais 30% do que ele valia na época! Mas o salto era enorme! Sairíamos de um carro com 10 anos de uso, fora de linha, com 146.000 km rodados, para um que ainda estava em fabricação, com 5 anos de uso e apenas 61.000 km rodados. Acabei me convencendo! 

Voltamos para Bebedouro de Passat, pois meu pai ainda queria pensar. Mas, ainda na mesma tarde, quase 18h, ligou para o vendedor e disse que no dia seguinte iria buscar a Fiat Elba. O mesmo respondeu: "Por que não vem agora? Eu espero!". 

E lá fomos nós estrada a fora, já de noite, viajar 55 km de Passat GTS, para trocá-lo pelo nosso mais novo carro! Após 4 meses e 13.000 km rodados em nossas mãos, lá ia o GTS de volta para sua "cidade natal", marcando 146.000 km no hodômetro.

Uma semana depois buscaríamos o Passat de volta em Sertãozinho! Mas essa história  e a da Fiat Elba CS 1500, 1988, Azul Florença, contarei na próxima postagem! 

Ford Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico.

O nosso era de um azul metálico bem parecido; tinha as mesmas rodas e repetidores de seta na parte superior do para-lamas
Em fevereiro de 1993, meu pai comprava mais um Ford. Estava satisfeito com o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, câmbio de 4 marchas, cor Prata Strato metálico. Porém, queria um carro mais luxuoso e suspirava com os Del Rey Ouro e Ghia. Como o segundo era muito caro, pesquisou um Série Ouro completo e encontrou: ano 1982, 2 portas, à gasolina (combustível mais valorizado em 1993), câmbio de 5 marchas (o Del Rey prata anterior tinha câmbio de 4 marchas), rodas de liga leve, vidros elétricos, ar condicionado, faróis de neblina, painel com 6 instrumentos (inclusive conta-giros) e interior monocromático marrom contrastando com o Azul Clássico Metálico da carroceria. 

Todos esses equipamentos citados eram inéditos em carros da nossa família, por isto estávamos muito felizes! 

Pela primeira vez dirigi um carro com 5 marchas, andei com o conforto do geladinho de um ar condicionado, subi os vidros eletricamente, pilotei observando o conta-giros, passeei de noite com os faróis de neblina ligados, relaxei em um interior monocromático marrom e ostentei as rodas de liga leve. 

Painel idêntico: marrom e com 6 instrumentos, incluindo o conta-giros
O interior era monocromático marrom, como este; um luxo!
De noite, o completo painel misturava iluminação azul com alaranjada 

O carro possuía placas amarelas de Campinas/SP e pela documentação era possível saber que sempre havia sido de lá. Tinha chegado recentemente a Bebedouro/SP, por meio de um "corretor" de carros usados, que o havia comprado para revender e ganhar um dinheiro em cima. O hodômetro registrava 92.000 km, que pelo estado do carro, julgo ser a quilometragem real. Ainda tínhamos o Fusca 1300, ano 1970, Bege Claro, como segundo carro (ficamos com o Fusca por mais 2 meses, até abril de 93).

Em 1993, não era comum a classe média ter carro zero quilômetro. Mesmo o básico Uno Mille era caro. E mesmo quando o então presidente, Itamar Franco, criou o programa de carro popular, reduzindo os preços dos automóveis 1.0, do Fusca e do Chevette 1.6 para cerca de 7.000 dólares, não era fácil comprá-los. Havia fila de espera ou ágio; e devido a inflação, financiamentos de veículos eram inviáveis antes de julho de 1994.

Portanto, o Del Rey Série Ouro, todo equipado, tinha seu charme. Não ostentava o status de um Monza ou Santana, mas não ligávamos! Queríamos curtir os equipamentos "de luxo" que existiam no carro.

Mas nessa época, íamos muito para Ribeirão Preto. Meu pai tinha aula de pós-graduação duas vezes por semana e minha mãe passava por médico nesta cidade, pelo menos uma vez por semana (tinha passado por cirurgia recentemente).

Hoje, de Bebedouro a Ribeirão Preto, a rodovia é 100% em pista dupla. Mas na época era pista simples de Sertãozinho a Bebedouro (55 km), com muitos caminhões carregados de laranja e treminhões de cana. O Del Rey anterior era à álcool (mais potente), mais leve (era básico), não tinha ar condicionado (que rouba potência) e câmbio de 4 marchas (não caía nas subidas) - meu pai não era de reduzir, não! Colocava a quinta marcha e só acelerava.

Conclusão: apesar do conforto, estava insatisfeito com o desempenho do carro. Não sei se este azul não havia sido bem amaciado, mas meu pai reclamava que não passava de 140 km/h; o anterior lembro de vê-lo dando 160 km/h nas descidas.

Xingava o rendimento do carro. Mandava regular e nada de melhorar! Passou a viajar com o ar condicionado desligado. Amenizou, mas continuou lento. E não fazia sentido ter um carro com ar condicionado e não poder utilizar (lembrando que os aparelhos de ar condicionado dos anos 80, não tinham a eficiência dos de hoje).

Em abril ele vendeu o Fusca e guardou o dinheiro no banco; em maio de 93, eu vi um Passat GTS, 1983, Azul Búzios Metálico em uma loja de carros usados de Bebedouro e me apaixonei. Disse a meu pai que aquele carro era veloz, econômico e equipado. Meu pai gostava de Passat, pois tinha ficado satisfeito com o LS, 1977, Bege Saara que tivéramos. E este GTS tinha motor 1.6 à álcool, frente ao 1.5 à gasolina do 1977!

Fomos vê-lo no dia do meu aniversário de 16 anos (07/05/1993). Meu pai dirigiu-o e se apaixonou!

Então, após 3 meses e 6.000 km rodados nas nossas mãos, o Del Rey 82 entrava na loja de usados em troca do Passat GTS. Lembro que a diferença que meu pai voltou foi irrisória: pagou apenas a comissão do vendedor.

O Del Rey ia embora registrando 98.000 km no hodômetro. Foi vendido pela loja poucos dias depois e durante uns 4 anos eu o via com frequência (apesar que o novo dono o caracterizou como Ghia e eu não achei nada legal: ele trocou rodas, lanternas, frisos, encostos dos bancos, emblemas, mas manteve a frente dos Del Rey 81 a 84...). Como tinha placas amarelas, não tenho como rastreá-lo para saber se ainda existe. Teve sua importância na minha família!

Próxima postagem: Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico. 

Volkswagen Fusca 1300, 1970, Bege Claro.

O nosso também era "1ª série" e possuía lanternas traseiras "fumê"; mas as placas eram amarelas, da cidade de Ribeirão Preto/SP

Meu pai vendeu o Passat LS, 3 portas, 1977, Bege Saara, no início de dezembro de 1992, mas permaneceu com o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, Prata Strato Metálico. A ideia era ficar com um carro só. No entanto, depois que o novo dono levou o Passat, parece que ficou faltando algo na garagem, ela ficou quase vazia...

Enfim, meu pai resolveu comprar uma mobilete para mim e aplicar o resto do dinheiro. Gostei da ideia, afinal eu ainda tinha 15 anos e um ciclomotor me daria uma liberdade maior do que pegar o Del Rey do pai emprestado. Então, em um domingo, fomos à feira de automóveis que funcionava no estacionamento do shopping daqui de Bebedouro/SP.

Encontrei uma Monark Monareta AV-X, 50 cc, ano 1985, vermelha e meu pai comprou-a para mim. Era daquele modelo mais antiguinho, de farol redondo, mas estava bem conservadinha e simpatizei com ela.

A minha era idêntica
Mas no mesmo dia em que ganhei a Monareta, vimos na feira de automóveis um charmoso Fusquinha ano 70, primeira série (o primeira série ainda tinha garras nos para-choques, que foram abolidas nos segunda série - fabricados a partir de agosto/1970). Era da cor Bege Claro, motor 1300 e estava bem originalzinho por fora (exceto pelas lanternas traseiras "fumê"). Por dentro, exibia os bancos pretos revestidos com tecido (em vez do revestimento de vinil original), volante Grand Prix, bolota do câmbio com "imitação de caranguejo" dentro e toca-fitas da marca Precision. O motor era novíssimo, havia sido recém retificado, o câmbio era justíssimo e como o bichinho andava e freava bem! As placas ainda eram amarelas, da cidade de Ribeirão Preto (o proprietário havia comprado-o lá) e guardava aquele cheiro delicioso de Fusca em seu interior. Tenho anotado aqui que o hodômetro registrava 27.000 km, mas pelo estado, chuto que era 227.000 km.
A manopla do câmbio tinha uma imitação de caranguejo dentro; como esta da imagem
O volante era igual a este, mas com o desenho de um capacete no botão da buzina
Adoramos o Fusca, mas fomos lá para comprar a Monark Monareta, certo? Então voltamos para casa com ela. Fiquei satisfeito e passei a rodar Bebedouro inteira com o ciclomotor. Morávamos há apenas 5 meses na cidade e eu não a conhecia toda. Com a Monareta, rodei por todos os bairros do município, sozinho ou com minhas irmãs. A sensação de liberdade era muito boa! Mas o Fusquinha não saía das nossas cabeças...

Na semana seguinte, fomos passear na feira de automóveis. Vimos o rapaz vendendo o Fusca. Ele nos ofereceu novamente, mas meu pai não queria um segundo carro. Fomos embora para casa.

Mas o rapaz que me vendeu a Monareta, estava lá. E passou nosso endereço para o dono do Fusca. No final da tarde daquele domingo, ele apareceu em casa e ofereceu o Volkswagen por um preço tentador. Como Fusca sempre foi valorizado e, naquela época, o dinheiro na poupança acabava rendendo menos que a inflação, meu pai acabou comprando-o (parece surreal hoje, mas no início dos anos 90, carros bem aceitos no mercado de usados, como Fusca ou Gol, valorizavam mais do que a Poupança).

Na mesma noite peguei-o para dar uma volta e me senti viajando no tempo! Como o Fusca é um carro gostoso! Amava dirigi-lo ouvindo The Beatles! E sonhava em ficar com ele até os meus 18 anos!

Eu arrumava pretextos para sair de Volkswagen! Andava mais nele de que no Del Rey! Mas não deixei de andar de mobilete!

Em fevereiro de 1993, passeando de Monareta, passei em frente ao Hospital Santa Casa, quando um Fusca Bege Alabastro não respeitou a placa de "Pare" e atravessou na minha frente (a preferencial era minha), colidindo comigo e me jogando longe. Quebrei o braço, fiquei com luxação nas duas pernas, sem poder andar por duas semanas e não quis mais saber de mobilete - que entortou e quebrou algumas peças. Meu pai a vendeu barato, poucos dias depois, no estado em que estava, para uma moça que trabalhava na mesma empresa que ele (FRUTESP). O motorista do Fusca? Fugiu! Um outro Fusca Bege Alabastro que ne socorreu!

Tive sorte, pois em 1993, ninguém utilizava capacete dentro da cidade, no interior de SP (todos passaram a usar em 1994 ou 1995, se não me engano). Já pensou se eu tivesse batido a cabeça?

No mesmo mês do acidente (fevereiro/93), meu pai vendeu o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, Prata Strato Metálico e comprou um 1982, porém mais completo: era um "Série Ouro", 2 portas, à gasolina, Azul Clássico Metálico, com interior monocromático marrom, ar condicionado, vidros elétricos, rodas de liga leve, painel completo com 6 instrumentos, faróis de milha etc.. Contarei a história deste na próxima postagem. 

O Fusca ainda ficou conosco até abril de 93. Como o Fusquinha não tinha muita estabilidade na rodovia e não era um carro rápido e confortável para ir a Ribeirão Preto, onde meu pai fazia pós-graduação, ele foi se desinteressando pelo carrinho. Um rapaz o viu na nossa garagem, fez uma boa proposta, pagou em dinheiro e levou-o embora! Disse que o deixaria em uma oficina de funilaria e pintura, pois queria restaurá-lo nos padrões originais. 

E o carrinho merecia! Digo merecia, pois na noite do mesmo dia em que o novo dono o deixou na oficina, um funileiro que trabalhava lá pegou o Fusca escondido para ir beber. Depois pegou a rodovia sentido da cidade de Viradouro e capotou o carro, dando perda total! O funileiro se machucou, mas sobreviveu! Mas o Fusquinha 70 deixou de existir, aos 23 anos de uso e acredito que cerca de 230.000 km rodados - dos quais 3.000 km em nossas mãos, nos 4 meses em que ficou conosco.

O novo proprietário ficou no prejuízo. No entanto, um mês depois ele comprou um outro Fusca, do mesmo ano e da mesma cor. Ficou muito feliz, mas na semana seguinte à compra, ele o dirigia por uma avenida da cidade, quando uma caminhonete F-1000 não respeitou a placa de "Pare" e bateu em alta velocidade no meio do Volkswagen. O dono do Fusca morreu na hora... Esse não teve sorte com Fusquinhas, apesar de amá-los....

Próxima postagem: Ford Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico Metálico.