sábado, 31 de outubro de 2015

Ford Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico.

O nosso era de um azul metálico bem parecido; tinha as mesmas rodas e repetidores de seta na parte superior do para-lamas
Em fevereiro de 1993, meu pai comprava mais um Ford. Estava satisfeito com o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, câmbio de 4 marchas, cor Prata Strato metálico. Porém, queria um carro mais luxuoso e suspirava com os Del Rey Ouro e Ghia. Como o segundo era muito caro, pesquisou um Série Ouro completo e encontrou: ano 1982, 2 portas, à gasolina (combustível mais valorizado em 1993), câmbio de 5 marchas (o Del Rey prata anterior tinha câmbio de 4 marchas), rodas de liga leve, vidros elétricos, ar condicionado, faróis de neblina, painel com 6 instrumentos (inclusive conta-giros) e interior monocromático marrom contrastando com o Azul Clássico Metálico da carroceria. 

Todos esses equipamentos citados eram inéditos em carros da nossa família, por isto estávamos muito felizes! 

Pela primeira vez dirigi um carro com 5 marchas, andei com o conforto do geladinho de um ar condicionado, subi os vidros eletricamente, pilotei observando o conta-giros, passeei de noite com os faróis de neblina ligados, relaxei em um interior monocromático marrom e ostentei as rodas de liga leve. 

Painel idêntico: marrom e com 6 instrumentos, incluindo o conta-giros
O interior era monocromático marrom, como este; um luxo!
De noite, o completo painel misturava iluminação azul com alaranjada 

O carro possuía placas amarelas de Campinas/SP e pela documentação era possível saber que sempre havia sido de lá. Tinha chegado recentemente a Bebedouro/SP, por meio de um "corretor" de carros usados, que o havia comprado para revender e ganhar um dinheiro em cima. O hodômetro registrava 92.000 km, que pelo estado do carro, julgo ser a quilometragem real. Ainda tínhamos o Fusca 1300, ano 1970, Bege Claro, como segundo carro (ficamos com o Fusca por mais 2 meses, até abril de 93).

Em 1993, não era comum a classe média ter carro zero quilômetro. Mesmo o básico Uno Mille era caro. E mesmo quando o então presidente, Itamar Franco, criou o programa de carro popular, reduzindo os preços dos automóveis 1.0, do Fusca e do Chevette 1.6 para cerca de 7.000 dólares, não era fácil comprá-los. Havia fila de espera ou ágio; e devido a inflação, financiamentos de veículos eram inviáveis antes de julho de 1994.

Portanto, o Del Rey Série Ouro, todo equipado, tinha seu charme. Não ostentava o status de um Monza ou Santana, mas não ligávamos! Queríamos curtir os equipamentos "de luxo" que existiam no carro.

Mas nessa época, íamos muito para Ribeirão Preto. Meu pai tinha aula de pós-graduação duas vezes por semana e minha mãe passava por médico nesta cidade, pelo menos uma vez por semana (tinha passado por cirurgia recentemente).

Hoje, de Bebedouro a Ribeirão Preto, a rodovia é 100% em pista dupla. Mas na época era pista simples de Sertãozinho a Bebedouro (55 km), com muitos caminhões carregados de laranja e treminhões de cana. O Del Rey anterior era à álcool (mais potente), mais leve (era básico), não tinha ar condicionado (que rouba potência) e câmbio de 4 marchas (não caía nas subidas) - meu pai não era de reduzir, não! Colocava a quinta marcha e só acelerava.

Conclusão: apesar do conforto, estava insatisfeito com o desempenho do carro. Não sei se este azul não havia sido bem amaciado, mas meu pai reclamava que não passava de 140 km/h; o anterior lembro de vê-lo dando 160 km/h nas descidas.

Xingava o rendimento do carro. Mandava regular e nada de melhorar! Passou a viajar com o ar condicionado desligado. Amenizou, mas continuou lento. E não fazia sentido ter um carro com ar condicionado e não poder utilizar (lembrando que os aparelhos de ar condicionado dos anos 80, não tinham a eficiência dos de hoje).

Em abril ele vendeu o Fusca e guardou o dinheiro no banco; em maio de 93, eu vi um Passat GTS, 1983, Azul Búzios Metálico em uma loja de carros usados de Bebedouro e me apaixonei. Disse a meu pai que aquele carro era veloz, econômico e equipado. Meu pai gostava de Passat, pois tinha ficado satisfeito com o LS, 1977, Bege Saara que tivéramos. E este GTS tinha motor 1.6 à álcool, frente ao 1.5 à gasolina do 1977!

Fomos vê-lo no dia do meu aniversário de 16 anos (07/05/1993). Meu pai dirigiu-o e se apaixonou!

Então, após 3 meses e 6.000 km rodados nas nossas mãos, o Del Rey 82 entrava na loja de usados em troca do Passat GTS. Lembro que a diferença que meu pai voltou foi irrisória: pagou apenas a comissão do vendedor.

O Del Rey ia embora registrando 98.000 km no hodômetro. Foi vendido pela loja poucos dias depois e durante uns 4 anos eu o via com frequência (apesar que o novo dono o caracterizou como Ghia e eu não achei nada legal: ele trocou rodas, lanternas, frisos, encostos dos bancos, emblemas, mas manteve a frente dos Del Rey 81 a 84...). Como tinha placas amarelas, não tenho como rastreá-lo para saber se ainda existe. Teve sua importância na minha família!

Próxima postagem: Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico. 

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