domingo, 11 de outubro de 2015

Ford Corcel II L, 1.4, 1979, Bege Outono.

A foto não é do carro, mas do cão Fila "Ted". Kkkkkk



Esse foi um dos carros mais queridos e saudosos que minha família já teve. Meu pai já havia vendido o Chevette 79 e procurava por outro, um pouco mais novo e conservado. Eu já estava enjoado de Chevettes (apesar de gostar muito deles). Queria um modelo diferente, mas o dinheiro não permitia muitas opções. Achamos um Fiat Oggi CS, 83, prata, mas meu pai nunca gostou de Fiats; uma Belina II standart, 78, branca, mas meu pai não quis baixar o ano; um Gol L 1300, 80, marrom (esse eu adorei), mas alertaram meu pai que o Gol 1300 era fraco. Estávamos quase comprando um Chevette Hatch SL, 80, marrom metálico, quando indicaram esse Corcel II do título da postagem, para o meu pai. O dono do momento era negociante de carros: trabalhava de maneira autônoma, comprando bons carros na região, para revendê-los por um pouco mais de dinheiro.

Esse Ford tinha placas amarelas de Presidente Prudente, TA-6897, pois o negociante tinha comprado-o lá, do 1° dono. Era um automóvel impecável, pintura 100% original, com todos os DUTs desde 79, chave reserva, nota fiscal de compra (o carro sempre havia sido de Presidente Prudente), só não possuía o Manual do Proprietário - o vendedor alegou que o 1° dono não entregou.

Esse modelo era o L, mas tinha muitos opcionais: rodas do LDO, estofamento em tecido de qualidade, rádio AM/FM Philco/Ford, plástico imitando jacarandá no painel (achei maravilhoso quando vi), painel com uma capa emborrachada, para-choques cromados com um friso plástico preto no meio, janelas traseiras basculantes, limpador com temporizador, ventilador, console central, luz no porta-luvas, no porta-malas e no capô do motor, carpete, espelho retrovisor interno "noite/dia", buzina dupla, só não tinha motor 1.6, nem câmbio de 5 marchas. Mas quem ligava? O carro era novíssimo, de procedência, lacrado, todo selado, muito melhor do que os 3 Chevettes que meu pai tivera anteriormente. Tudo nele funcionava! O hodômetro marcava 17.000 km quando o compramos, mas o vendedor avisou que já havia virado, que na verdade era 117.000 km. Porém, o 1° dono era cuidadoso e o carro aparentava ter rodado muito menos. E que charme, o comutador de luz baixa/alta era no pé!! Buzina à francesa! Charmosérrimo!

Meu pai havia tirado o toca-fitas TKR "cara-preta" do Chevette, antes de vendê-lo e instalou no Corcel II, que ficou com 2 rádios: o original Philco ligado no alto-falante do painel, e o TKR, instalado em uma bandeja, ligado a alto-falantes nas portas e no painel traseiro. Ficou legal! Kkkkkk E o Ford permaneceu todo original.

Como eu disse, meu pai conseguiu um emprego na Caninha 51 - hoje, Indústrias Müller -, em Pirassununga, e mudaríamos de Tupã para lá.

Duas semanas depois da compra do Corcel II, em março de 1989, meu pai conseguiu uma casa para alugar em Cachoeira de Emas, distrito de Pirassununga, a 9 km do centro da cidade. A casa tinha piscina, o que ajudou a nos convencer a morar longe do centro. A estradinha que liga Pirassununga a Cachoeira de Emas é muito charmosa. E foi neste distrito que passei uma das melhores fases da minha vida!

Mais uma foto do Ted. kkkkk

Chegou o dia da mudança e, pela primeira vez, fomos para a cidade nova de carro. Saímos de Tupã umas 11h de um sábado de março de 1989, para enfrentarmos uma viagem de 400 km até Cachoeira de Emas. Fomos por Bauru e, nesta cidade, paramos para almoçar na Churrascaria Sem Limites. Acho que foi um dos melhores churrascos que já comi na minha vida! Depois passamos por Pederneiras (morei nesta cidade 13 anos depois), Jaú, Itirapina, Pirassununga, até chegarmos em Cachoeira de Emas, por volta das 17h. Que viagem deliciosa! Lembro-me de cada detalhe! Pela primeira vez eu fazia uma viagem um pouco mais longa com um carro do meu pai. Ouvindo música no TKR, família reunida, expectativas, brincadeiras... E que sensação boa chegar a Cachoeira de Emas! Passar por aquela ponte estreita e entrar na rua Dr. Elói Chaves, onde fomos morar. Ver a piscina da casa foi uma sensação indescritível! E tinha muito mais!

Naquela noite, enquanto o caminhão de mudanças não chegava, fomos jantar no Restaurante César, na própria Cachoeira de Emas - que é um lugar turístico, cortado pelo rio Mogi Guaçu, cheio de restaurantes que servem peixes, de diferentes maneiras.

No dia seguinte, minhas irmãs e eu estreamos a piscina, que estava com a água completamente suja, cheia de lodo! Infância! Kkkkk Brinquei muito nessa casa - que tinha até porão -  com minhas irmãs. Brincamos muito nessa cidadezinha também. Meus amigos e eu percorríamos km e km de bicicleta, todo dia! Eu tinha uma Caloi Cruiser amarela, nessa época.

Dá para ver a ventilação do porão? 

Que tempo bom! Essa piscina era o nosso mar no interior de SP!

E o Corcel II nos levava para Pirassununga todo dia, às vezes duas vezes por dia! Eu gostava de ir à noite, estradinha deserta, parecia cenário de filme de terror! Kkkkkk Que por sinal, assistimos muito no videocassete Panasonic G21 que tínhamos! Que época boa! Nessa casa fiz 12 e 13 anos! Fui começando a me interessar pelas meninas da Cachoeira de Emas e da escola onde eu estudava, a EE Pirassununga, mais conhecida como Instituto (um prédio construído em 1911, tombado pelo patrimônio histórico). Todo dia eu ia de carro com meu pai para Pirassununga e voltava de ônibus, modelo Caio Gabriela.
Em frente ao 2º RCC, em Pirassununga.

O sonho do meu pai era viajar para Parnaíba, Piauí, com esse Ford, mas não deu certo. Fizemos viagens mais curtas: fomos duas vezes visitar a cidade de Tupã; viajamos a São Paulo e fomos várias vezes a Ribeirão Preto e a Limeira. Nas descidas, meu pai, frequentemente, atingia 150 km/h (velocidade não aferida, apenas indicada pelo velocímetro). 

Intensifiquei minhas aulas de direção neste carro e com ele, aprendi a manobrar: tirar e colocar na garagem, fazer baliza, estacionar em cima da calçada (eram outros tempos).

Em junho de 1990, o Corcel II já estava com 65.000 km no hodômetro (creio que 165.000, na realidade) e meu pai não era muito de fazer manutenção em carros, naquela época. Preocupava-se mais com a estética. O veículo já precisava fazer muitas coisas na mecânica: suspensão, pneus e o motor já estava começando a ficar cansado, com forte barulho de corrente de comando. Meu pai não tinha dinheiro para arrumar tudo, então apareceu um rapaz que trabalhava e morava em uma fazenda a 3km de Cachoeira de Emas. Ele se apaixonou pelo Corcel II e revelou que era o sonho da vida dele. Como ele andava na caminhonete da fazenda, disse que, se meu pai vendesse o carro a ele, iria fazer o motor e toda a parte mecânica, depois o guardaria com capa em um galpão e o preservaria. Meu pai não quis vender, mas o administrador da fazenda subiu a oferta TRÊS vezes!!! Até que meu pai não resistiu (o carro tinha muita coisa para fazer na mecânica, mas de lataria e tapeçaria estava impecável).

Pagou à vista, em dinheiro vivo e já o levou para a Retífica Marangoni, em Pirassununga. Fez o motor, colocou 4 pneus novos, refez toda a suspensão e o guardou no galpão que tinha mencionado! Um mês depois, fomos à fazenda levar o recibo de compra e venda, para ele transferir o carro para Pirassununga e lá estava o Corcel II, com capa, em cima de cavaletes. O novo dono, que tinha uns 27 ou 28 anos de idade, na época, disse que jamais o venderia, que aquele carro era um sonho de adolescência. Creio que esse automóvel ainda exista e que deva estar em excelentes condições. Em julho de 1992, encontramos o dono, no centro de Pirassununga - na ocasião ele estava com a caminhonete da fazenda -, que nos disse que, nos 2 anos em que estava com o carro, tinha rodado apenas 1.000 km com ele.

Gostaria de saber o paradeiro deste Corcel II, mas não tenho número do chassis, nem das placas amarelas depois que foi transferido, pelo novo dono, para o município de Pirassununga. Esse carrinho deixou saudades... Um carro que eu compraria de volta, se pudesse. Ou um igual, da mesma cor, mesmo ano, modelo e configuração. 

Próxima postagem: Ford Corcel II L, 1978, Branco Nevasca.

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