sábado, 31 de outubro de 2015

Volkswagen Passat GTS, 1983, Azul Búzios.

Até hoje acho essa frente, com 4 faróis quadrados, moderna
Foi em 07/05/1993, no dia em que completei 16 anos, que um Passat GTS 1.6, ano 1983, Azul Búzios Metálico, idêntico ao da imagem acima, foi comprado pelo meu pai  (porém, o nosso tinha o emblema "GTS" na grade dianteira, não possuía faróis de milha e as rodas eram diferentes).

O nosso tinha rodas iguais a estas, emblema "GTS" na grade dianteira e também não possuía faróis de milha; porém, a cor era Azul Búzios Metálica, como a do Passat da 1ª foto

Foi paixão à primeira vista! Lembro-me dele parado em uma loja de carros usados na cidade de Bebedouro/SP, onde morava na época e voltei a morar há alguns anos. Meu pai trocou um Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico Metálico pelo GTS. Foi uma troca pau a pau (meu pai pagou apenas a comissão do vendedor - um valor irrisório, creio que o equivalente a uns R$ 300,00). 

Pegávamos muito rodovias de pista simples na época e precisávamos de um carro mais ágil para ultrapassagens. Como eu estava fazendo 16 anos, indiquei o GTS. Meu pai gostou da ideia, pois tinha ficado satisfeito com um Passat LS, 1977, Bege Saara que tivéramos no ano anterior. 

Este era ainda mais potente e ágil: motor 1.6 MD-270, à álcool, câmbio de 4 marchas, direção leve e precisa. Marcava 133.000 no hodômetro, mas parecia carro zero, de tão justo e silencioso! O acabamento em perfeito estado! Lembro-me perfeitamente da sensação que senti a primeira vez que o dirigi: câmbio curto, leve e preciso, direção leve e direta, suspensão firme e irrepreensível, freio eficiente, ronco do escapamento delicioso, painel e console central charmosíssimos... Enfim, o carro mais saboroso que eu já havia dirigido até então! 

E como arrancava!  E como freava! E como fazia curva!

Aquela frente com 4 faróis redondos ainda era repeitada em 1993! Associada às rodas de liga-leve, emblema com a inscrição em vermelho "GTS"! Por dentro, volante esportivo com 4 botões de buzina, conta-giros no painel, console central com 3 reloginhos, encosto de cabeça nos bancos traseiros... rádio toca-fitas original Volkswagen, tocando Queen, U2, Barão Vermelho, Titãs... Eu me sentia um adolescente realizado! Coisa que eu adorava era quando os colegas da escola me perguntavam: "Que carro seu pai tem?". E eu respondia, com muito orgulho: "Passat GTS!". 

Na época, meu pai fazia curso de pós-graduação em Ribeirão Preto e ia duas vezes por semana de carro assistir aula; e minha mãe fazia acompanhamento médico e ia pelo menos mais uma vez por semana para a mesma cidade. Ou seja, o carrinho estava sempre na rodovia mostrando ao que veio! 140, 150, 160 km/h eram alcançados em pouquíssimo tempo! Ultrapassava como ninguém! E não fazia feio nem frente aos mais novos! Lembro-me apenas uma vez, em que fui com meu pai à cidade de Novo Horizonte, assistir a um jogo do nosso Santos contra o Novorizontino. Na ida, meu pai foi ultrapassando todo mundo: Monza Hatch, Voyage, Uno... chegando lá, assistimos à vitória do Santos por 3x2, com direito a atuação exemplar do jogador Almir. Na volta, já anoitecendo, meu pai ultrapassou um Gol GTI 2000 cc. O dono, também santista, achou desaforo, nos passou e sumiu na nossa frente - não conseguimos ver nem a placa! kkkkkkkkk

O nosso carro era muito conservado! Veio até com manual do proprietário - o qual guardo até hoje!
Guardo o manual do proprietário até hoje
Ele foi tirado zero quilômetro dia 25/10/1982, mas o curioso é que, no documento, constava ano de fabricação 1983, ano modelo 1983
O primeiro felizardo proprietário
Rodou bem nos primeiros dias de vida. Será que fez alguma viagem?
O painel era idêntico a este: com os reloginhos e rádio no console central, conta-giros no painel, volante com 4 botões de buzina e faixa cinza em volta dos comandos do ventilador
Neste, falta o emblema "GTS", em vermelho (como o da imagem abaixo) - que azul lindo!! Saudades!!
O maior charme era esse emblema na tampa traseira, grade dianteira e nas laterais
Foi o primeiro carro que tivemos que veio com manual do proprietário! O curioso é que o carro foi tirado zero na cidade de Sertãozinho, na concessionária "Verdeterra", dia 25/10/1982; mas no documento, constava ano de fabricação 1983 e ano/modelo também 1983. Eu sempre estranhei isso, pois não deveria constar 82 modelo 83? Ele ainda conservava as placas amarelas da cidade de Sertãozinho: VF-3030 ...placa bonita, não é? Pelos documentos, parecia que nós éramos o 3º dono do carro. Alguém o comprou em Sertãozinho para revendê-lo em Bebedouro (sorte nossa). 

Fora as inúmeras "viagens" para Ribeirão Preto e a em que fomos a Novo Horizonte, fizemos outras viagens a Pirassununga e algumas curtas a Monte Alto, Olímpia, Barretos, Catanduva e Sertãozinho - todas aqui na região! Como eu amava viajar naquele Passat, mesmo no banco de trás, recostando minha cabeça nos encostos de banco traseiros! 

Foi neste carro que comecei a me tornar um motorista melhor, dirigindo com consciência, lendo o conta-giros, aproveitando o torque do motor, fazendo curvas com esportividade... Por isso, guardo as lembranças dele com enorme carinho!

No entanto, meu pai queria um veículo mais espaçoso e moderno. Usado, mas que estivesse em fabricação em 1993. O Passat era esportivo, mas possuía limitações como câmbio de 4 marchas, pouco espaço interno para a nossa grande família e havia saído de linha há 5 anos. Eu amava o carro, claro, afinal eu tinha 16 anos! Mas meu pai, minha mãe e minhas irmãs preferiam um mais novo! Sugeri um Passat GTS Pointer 1.8, mas meu pai respondeu que não precisava de um motor mais potente, queria um automóvel mais moderno e espaçoso!

Em uma tarde fria, sexta-feira do início de setembro (fazia frio em setembro em 1993! Bons tempos...), voltávamos de Passat de Ribeirão Preto para Bebedouro, quando passamos por Sertãozinho (cidade em que ele foi tirado zero quilômetro), meu pai viu na seção de seminovos da Ford Ortovel, uma Fiat Elba, Azul Florença. Ele retornou e foi conosco vê-la! Era uma modelo CS, motor 1500 cc "argentino", câmbio de 5 marchas, ano 1988, com 61.000 km rodados, única dona, com placas amarelas de Viradouro/SP. O vendedor disse que ela havia dado a Fiat Elba como parte de pagamento na compra de um Escort Hobby 1.6 zero quilômetro. 

Eu amava o Passat e preferia um esportivo, mas ao ver a Fiat Elba, gostei do carro! Primeiro porque sempre gostei de peruas! Segundo porque ela era moderna, alta, espaçosa, com painel bem interessante (era um show aquele painel da família Uno dos anos 80, com comandos satélites), conta-giros grande, relógio digital no teto, limpador do vidro traseiro e tinha uma cor linda: não era azul metálica; era um azul sólido e escuro, que passava muita personalidade e combinava com o estilo da perua.

Era do mesmo azul desta da imagem abaixo, porém a pintura estava novíssima, brilhava! Não encontrei outra foto, então postei esta só para passar uma ideia! 

Imagine este azul quando a pintura ainda era nova


Este azul, quando novo, era bem bonito

Queria encontrar uma Elba com este azul, que tivesse com a pintura nova

Enfim, fomos dar uma volta com a Elba. Que silêncio, que leveza, que painel moderno! A pintura azul escura contrastava com o tecido cinza claro dos bancos! E, em 1993, o carro ainda era atual (a Elba foi fabricada até o final de 1996)! Além disso, era relativamente barato! Lembro que meu pai deu o Passat mais 30% do que ele valia na época! Mas o salto era enorme! Sairíamos de um carro com 10 anos de uso, fora de linha, com 146.000 km rodados, para um que ainda estava em fabricação, com 5 anos de uso e apenas 61.000 km rodados. Acabei me convencendo! 

Voltamos para Bebedouro de Passat, pois meu pai ainda queria pensar. Mas, ainda na mesma tarde, quase 18h, ligou para o vendedor e disse que no dia seguinte iria buscar a Fiat Elba. O mesmo respondeu: "Por que não vem agora? Eu espero!". 

E lá fomos nós estrada a fora, já de noite, viajar 55 km de Passat GTS, para trocá-lo pelo nosso mais novo carro! Após 4 meses e 13.000 km rodados em nossas mãos, lá ia o GTS de volta para sua "cidade natal", marcando 146.000 km no hodômetro.

Uma semana depois buscaríamos o Passat de volta em Sertãozinho! Mas essa história  e a da Fiat Elba CS 1500, 1988, Azul Florença, contarei na próxima postagem! 

Ford Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico.

O nosso era de um azul metálico bem parecido; tinha as mesmas rodas e repetidores de seta na parte superior do para-lamas
Em fevereiro de 1993, meu pai comprava mais um Ford. Estava satisfeito com o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, câmbio de 4 marchas, cor Prata Strato metálico. Porém, queria um carro mais luxuoso e suspirava com os Del Rey Ouro e Ghia. Como o segundo era muito caro, pesquisou um Série Ouro completo e encontrou: ano 1982, 2 portas, à gasolina (combustível mais valorizado em 1993), câmbio de 5 marchas (o Del Rey prata anterior tinha câmbio de 4 marchas), rodas de liga leve, vidros elétricos, ar condicionado, faróis de neblina, painel com 6 instrumentos (inclusive conta-giros) e interior monocromático marrom contrastando com o Azul Clássico Metálico da carroceria. 

Todos esses equipamentos citados eram inéditos em carros da nossa família, por isto estávamos muito felizes! 

Pela primeira vez dirigi um carro com 5 marchas, andei com o conforto do geladinho de um ar condicionado, subi os vidros eletricamente, pilotei observando o conta-giros, passeei de noite com os faróis de neblina ligados, relaxei em um interior monocromático marrom e ostentei as rodas de liga leve. 

Painel idêntico: marrom e com 6 instrumentos, incluindo o conta-giros
O interior era monocromático marrom, como este; um luxo!
De noite, o completo painel misturava iluminação azul com alaranjada 

O carro possuía placas amarelas de Campinas/SP e pela documentação era possível saber que sempre havia sido de lá. Tinha chegado recentemente a Bebedouro/SP, por meio de um "corretor" de carros usados, que o havia comprado para revender e ganhar um dinheiro em cima. O hodômetro registrava 92.000 km, que pelo estado do carro, julgo ser a quilometragem real. Ainda tínhamos o Fusca 1300, ano 1970, Bege Claro, como segundo carro (ficamos com o Fusca por mais 2 meses, até abril de 93).

Em 1993, não era comum a classe média ter carro zero quilômetro. Mesmo o básico Uno Mille era caro. E mesmo quando o então presidente, Itamar Franco, criou o programa de carro popular, reduzindo os preços dos automóveis 1.0, do Fusca e do Chevette 1.6 para cerca de 7.000 dólares, não era fácil comprá-los. Havia fila de espera ou ágio; e devido a inflação, financiamentos de veículos eram inviáveis antes de julho de 1994.

Portanto, o Del Rey Série Ouro, todo equipado, tinha seu charme. Não ostentava o status de um Monza ou Santana, mas não ligávamos! Queríamos curtir os equipamentos "de luxo" que existiam no carro.

Mas nessa época, íamos muito para Ribeirão Preto. Meu pai tinha aula de pós-graduação duas vezes por semana e minha mãe passava por médico nesta cidade, pelo menos uma vez por semana (tinha passado por cirurgia recentemente).

Hoje, de Bebedouro a Ribeirão Preto, a rodovia é 100% em pista dupla. Mas na época era pista simples de Sertãozinho a Bebedouro (55 km), com muitos caminhões carregados de laranja e treminhões de cana. O Del Rey anterior era à álcool (mais potente), mais leve (era básico), não tinha ar condicionado (que rouba potência) e câmbio de 4 marchas (não caía nas subidas) - meu pai não era de reduzir, não! Colocava a quinta marcha e só acelerava.

Conclusão: apesar do conforto, estava insatisfeito com o desempenho do carro. Não sei se este azul não havia sido bem amaciado, mas meu pai reclamava que não passava de 140 km/h; o anterior lembro de vê-lo dando 160 km/h nas descidas.

Xingava o rendimento do carro. Mandava regular e nada de melhorar! Passou a viajar com o ar condicionado desligado. Amenizou, mas continuou lento. E não fazia sentido ter um carro com ar condicionado e não poder utilizar (lembrando que os aparelhos de ar condicionado dos anos 80, não tinham a eficiência dos de hoje).

Em abril ele vendeu o Fusca e guardou o dinheiro no banco; em maio de 93, eu vi um Passat GTS, 1983, Azul Búzios Metálico em uma loja de carros usados de Bebedouro e me apaixonei. Disse a meu pai que aquele carro era veloz, econômico e equipado. Meu pai gostava de Passat, pois tinha ficado satisfeito com o LS, 1977, Bege Saara que tivéramos. E este GTS tinha motor 1.6 à álcool, frente ao 1.5 à gasolina do 1977!

Fomos vê-lo no dia do meu aniversário de 16 anos (07/05/1993). Meu pai dirigiu-o e se apaixonou!

Então, após 3 meses e 6.000 km rodados nas nossas mãos, o Del Rey 82 entrava na loja de usados em troca do Passat GTS. Lembro que a diferença que meu pai voltou foi irrisória: pagou apenas a comissão do vendedor.

O Del Rey ia embora registrando 98.000 km no hodômetro. Foi vendido pela loja poucos dias depois e durante uns 4 anos eu o via com frequência (apesar que o novo dono o caracterizou como Ghia e eu não achei nada legal: ele trocou rodas, lanternas, frisos, encostos dos bancos, emblemas, mas manteve a frente dos Del Rey 81 a 84...). Como tinha placas amarelas, não tenho como rastreá-lo para saber se ainda existe. Teve sua importância na minha família!

Próxima postagem: Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico. 

Volkswagen Fusca 1300, 1970, Bege Claro.

O nosso também era "1ª série" e possuía lanternas traseiras "fumê"; mas as placas eram amarelas, da cidade de Ribeirão Preto/SP

Meu pai vendeu o Passat LS, 3 portas, 1977, Bege Saara, no início de dezembro de 1992, mas permaneceu com o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, Prata Strato Metálico. A ideia era ficar com um carro só. No entanto, depois que o novo dono levou o Passat, parece que ficou faltando algo na garagem, ela ficou quase vazia...

Enfim, meu pai resolveu comprar uma mobilete para mim e aplicar o resto do dinheiro. Gostei da ideia, afinal eu ainda tinha 15 anos e um ciclomotor me daria uma liberdade maior do que pegar o Del Rey do pai emprestado. Então, em um domingo, fomos à feira de automóveis que funcionava no estacionamento do shopping daqui de Bebedouro/SP.

Encontrei uma Monark Monareta AV-X, 50 cc, ano 1985, vermelha e meu pai comprou-a para mim. Era daquele modelo mais antiguinho, de farol redondo, mas estava bem conservadinha e simpatizei com ela.

A minha era idêntica
Mas no mesmo dia em que ganhei a Monareta, vimos na feira de automóveis um charmoso Fusquinha ano 70, primeira série (o primeira série ainda tinha garras nos para-choques, que foram abolidas nos segunda série - fabricados a partir de agosto/1970). Era da cor Bege Claro, motor 1300 e estava bem originalzinho por fora (exceto pelas lanternas traseiras "fumê"). Por dentro, exibia os bancos pretos revestidos com tecido (em vez do revestimento de vinil original), volante Grand Prix, bolota do câmbio com "imitação de caranguejo" dentro e toca-fitas da marca Precision. O motor era novíssimo, havia sido recém retificado, o câmbio era justíssimo e como o bichinho andava e freava bem! As placas ainda eram amarelas, da cidade de Ribeirão Preto (o proprietário havia comprado-o lá) e guardava aquele cheiro delicioso de Fusca em seu interior. Tenho anotado aqui que o hodômetro registrava 27.000 km, mas pelo estado, chuto que era 227.000 km.
A manopla do câmbio tinha uma imitação de caranguejo dentro; como esta da imagem
O volante era igual a este, mas com o desenho de um capacete no botão da buzina
Adoramos o Fusca, mas fomos lá para comprar a Monark Monareta, certo? Então voltamos para casa com ela. Fiquei satisfeito e passei a rodar Bebedouro inteira com o ciclomotor. Morávamos há apenas 5 meses na cidade e eu não a conhecia toda. Com a Monareta, rodei por todos os bairros do município, sozinho ou com minhas irmãs. A sensação de liberdade era muito boa! Mas o Fusquinha não saía das nossas cabeças...

Na semana seguinte, fomos passear na feira de automóveis. Vimos o rapaz vendendo o Fusca. Ele nos ofereceu novamente, mas meu pai não queria um segundo carro. Fomos embora para casa.

Mas o rapaz que me vendeu a Monareta, estava lá. E passou nosso endereço para o dono do Fusca. No final da tarde daquele domingo, ele apareceu em casa e ofereceu o Volkswagen por um preço tentador. Como Fusca sempre foi valorizado e, naquela época, o dinheiro na poupança acabava rendendo menos que a inflação, meu pai acabou comprando-o (parece surreal hoje, mas no início dos anos 90, carros bem aceitos no mercado de usados, como Fusca ou Gol, valorizavam mais do que a Poupança).

Na mesma noite peguei-o para dar uma volta e me senti viajando no tempo! Como o Fusca é um carro gostoso! Amava dirigi-lo ouvindo The Beatles! E sonhava em ficar com ele até os meus 18 anos!

Eu arrumava pretextos para sair de Volkswagen! Andava mais nele de que no Del Rey! Mas não deixei de andar de mobilete!

Em fevereiro de 1993, passeando de Monareta, passei em frente ao Hospital Santa Casa, quando um Fusca Bege Alabastro não respeitou a placa de "Pare" e atravessou na minha frente (a preferencial era minha), colidindo comigo e me jogando longe. Quebrei o braço, fiquei com luxação nas duas pernas, sem poder andar por duas semanas e não quis mais saber de mobilete - que entortou e quebrou algumas peças. Meu pai a vendeu barato, poucos dias depois, no estado em que estava, para uma moça que trabalhava na mesma empresa que ele (FRUTESP). O motorista do Fusca? Fugiu! Um outro Fusca Bege Alabastro que ne socorreu!

Tive sorte, pois em 1993, ninguém utilizava capacete dentro da cidade, no interior de SP (todos passaram a usar em 1994 ou 1995, se não me engano). Já pensou se eu tivesse batido a cabeça?

No mesmo mês do acidente (fevereiro/93), meu pai vendeu o Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, Prata Strato Metálico e comprou um 1982, porém mais completo: era um "Série Ouro", 2 portas, à gasolina, Azul Clássico Metálico, com interior monocromático marrom, ar condicionado, vidros elétricos, rodas de liga leve, painel completo com 6 instrumentos, faróis de milha etc.. Contarei a história deste na próxima postagem. 

O Fusca ainda ficou conosco até abril de 93. Como o Fusquinha não tinha muita estabilidade na rodovia e não era um carro rápido e confortável para ir a Ribeirão Preto, onde meu pai fazia pós-graduação, ele foi se desinteressando pelo carrinho. Um rapaz o viu na nossa garagem, fez uma boa proposta, pagou em dinheiro e levou-o embora! Disse que o deixaria em uma oficina de funilaria e pintura, pois queria restaurá-lo nos padrões originais. 

E o carrinho merecia! Digo merecia, pois na noite do mesmo dia em que o novo dono o deixou na oficina, um funileiro que trabalhava lá pegou o Fusca escondido para ir beber. Depois pegou a rodovia sentido da cidade de Viradouro e capotou o carro, dando perda total! O funileiro se machucou, mas sobreviveu! Mas o Fusquinha 70 deixou de existir, aos 23 anos de uso e acredito que cerca de 230.000 km rodados - dos quais 3.000 km em nossas mãos, nos 4 meses em que ficou conosco.

O novo proprietário ficou no prejuízo. No entanto, um mês depois ele comprou um outro Fusca, do mesmo ano e da mesma cor. Ficou muito feliz, mas na semana seguinte à compra, ele o dirigia por uma avenida da cidade, quando uma caminhonete F-1000 não respeitou a placa de "Pare" e bateu em alta velocidade no meio do Volkswagen. O dono do Fusca morreu na hora... Esse não teve sorte com Fusquinhas, apesar de amá-los....

Próxima postagem: Ford Del Rey Ouro, 1982, Azul Clássico Metálico.

Volkswagen Passat LS, 1977, Bege Saara.


O nosso tinha placas amarelas


Dia 10/05/1992 foi um dia chuvoso em Pirassununga/SP - onde morávamos! E inesquecível para a minha família. Pela primeira vez, tínhamos um segundo carro! Há dois meses estávamos com um Ford Del Rey, "Série Prata", 4 portas, ano 1983, à álcool, cor Prata Strato Metálico. E, a partir desta data, um bonito Passat LS, 3 portas, motor 1500 à gasolina, ano 1977, cor Bege Saara, entrou na nossa garagem para fazer companhia a ele.

A minha Caloi Mobylette XR, 1987, vernelha, foi vendida, pois com dois carros na garagem, não queria mais saber dela.

Foi comprado em uma loja de carros usados, chamada "Avenida Veículos", que se localizava na Avenida Newton Prado, em Pirassununga. Chovia muito nesta manhã e lembro que o vidro traseiro ficou todo embaçado, pois o carro não tinha desembaçador elétrico. O hodômetro indicava 13.000 km (pelo estado geral, creio que ele já havia rodado 213.000 km).

Era um modelo simples (apesar de ser LS), não possuía ar quente, vidros verdes, interior monocromático, nem rádio de fábrica, mas tinha alguns opcionais como bancos dianteiros com encosto alto, ventilador de duas velocidades, relógio elétrico no painel (que delícia era o som daquele tique-taque!), hodômetro parcial, acendedor de cigarros, console central, carpete no assoalho, revestimento interno na cor preta, hidrovácuo do freio e estava equipado com acessórios de época, como volante Grand Prix (aquele com o desenho de um capacete no botão da buzina), manopla do câmbio estilo "taco de golfe" e pneus radiais novíssimos!  No dia seguinte, mandamos instalar o toca-fitas TKR cara-preta que havia sido do Chevette, 1980, Verde Samambaia Metálico.

Nessa época, meu irmão Wallistein morava conosco em Pirassununga e dávamos vários rolês pela cidade, tanto com o Del Rey, quanto com esse Passat. Eu me apaixonei por este carrinho! Lembro do cheiro do seu interior, do som do reloginho e do ronquinho do motor até hoje! E como era leve! Arrancava muito bem, se considerar que o motor era um 1500 cc de carburação simples. O câmbio de 4 marchas era fantástico, curtinho, leve e preciso - aceitava trocas rápidas, sem reclamar! A direção era bem direta, também leve e precisa, a suspensão firme, ao contrário do câmbio, direção e suspensão do Del Rey - mais apropriados para uma condução tranquila.

Em 1992, um Del Rey 4 portas na cor prata metálica chamava muito mais atenção das gatinhas do que um Passat faróis redondos de cor bege. Os boys da época poderiam até torcer o nariz para o Ford, mas as meninas gostavam, hehehe. Então, quando eu queria dirigir "esportivamente", saía com o Passat; quando queria fazer uma graça com as garotas, pegava o Del Rey.

Era um modelo "3 portas", ou seja, a enorme tampa traseira se abria e dava acesso ao interior do veículo. Era bem prático e do banco traseiro era possível acessar o porta-malas, porém a tampa era barulhenta e não havia nada que resolvesse aqueles "grilos".

A "terceira porta", traseira, era prática, mas também fonte de muitos "grilos" 
O acabamento do carro era sofrível, o painel tinha algumas trincas, fazia barulho nas portas dianteiras e nos bancos. Era bem simples, se comparado ao Del Rey ou mesmo ao Corcel II L, 1979, ou Chevette, 1980 que tivéramos. Mas os atributos deste carro eram outros, que os carros citados não tinham.

Eu só tinha 15 anos e andava de carro pela cidade toda, de dia e de noite (outros tempos)! Mas foi com esse Passat que dei fuga da polícia pela primeira vez na vida (isso mesmo, primeira, pois dois anos depois também dei fuga com um Fiat Prêmio CS, 1988, também com motor  1500 cc, Bege Corinto (parece que a combinação de cor bege com motor 1500 cc, atraía policiais, hahaha).  Mas essa história contarei posteriormente, na postagem do Fiat Prêmio.


O Fiat Prêmio CS, 1988, que tivemos dois anos depois, também era da cor bege (Bege Corinto) e possuía motor 1500 cc. 
Então, na noite da "fuga", fui com meu irmão Wallistein e minha irmã Thaís buscar minha outra irmã Alyne na casa de uma colega dela. Pegamos a Alyne e, quando passávamos pela Avenida Painguás, cruzamos com uma viatura da Polícia Militar, uma Santana Quantum 1.8 (daquelas quadradas, das primeiras que saíram), com 4 policiais dentro. Eu me assustei e acelerei!  A viatura pensou por uns instantes, ligou o giroflex e iniciou uma perseguição, porém, eu já estava bem adiantado! Da Avenida Painguás para minha  ex-casa na Vila Steola, há uma subida bem íngreme! Passat leve, eu era magrinho, meu irmão também e minhas irmãs crianças. A Quantum era bem pesadona, com 4 policiais enormes dentro. E eu acelerei primeiro e abri vantagem! Conclusão, a viatura não conseguiu me alcançar! Quando cheguei em frente de casa, o portão da garagem estava aberto, entrei com tudo, descemos do carro e fechamos o portão! Nisso, a Quantum passou com tudo em frente! Mas já era! Hoje vejo o tamanho da loucura que fiz, com meus irmãos dentro! Mas aos 15 anos, foi emoção pura! Kkkkkkk

Nesse carro que comecei a apreciar uma condução mais "esportiva". Até então, eu preferia carros macios, como Corcel II, Del Rey, Variant II e Chevette.

O Fiat 147, 1979, Branco Alpi, que tivéramos até março de 1992 não foi suficiente para eu apreciar uma direção mais esportiva, como fazer curva fechada em alta velocidade, pois eu o achava "duro" e com pouca potência! Mas o Passat, sim! Não era o carro mais veloz de sua época; mas mesmo em 1992, permanecia ágil e divertido!

Quantos rolês meu irmão e eu demos com ele! Lembro de uma vez, véspera de jogo do Santos pelo campeonato brasileiro, fomos a um bar com este carro, meu irmão pediu um rabo-de-galo e eu um copo de vinho! Lembro que o Wallistein disse que o Flamengo seria campeão e ri da cara dele. Mas o tempo mostrou que ele tinha razão! Saí meio "grogue" do bar, após um grande copo de vinho, acelerando o Passatão!

Foram meses inesquecíveis! Dia 06 de julho meu irmão voltou para Campinas. E dia 09 do mesmo mês, mudei com minha família para Bebedouro/SP. Na nova cidade, senti muito a falta do meu irmão e dos rolês por Pirassununga! Sem contar das piadas, da "menina da CB 400", dos filmes que assistimos (lembra de "Jorge, Um Brasileiro"?). Mas a vida prosseguiu. De Bebedouro, fizemos algumas viagens com ele! Várias para Ribeirão Preto, algumas para Pirassununga e uma para Campinas. O carro era valente e nos 11.000 km que rodamos com ele, não deu nem um problema mecânico. Porém, a parte elétrica era problemática e foi algumas vezes para oficina por panes no sistema elétrico!

O primeiro carro que dirigi na estrada, foi este. Porém, não passei de 90 km/h, indicados pelo charmoso velocímetro que marcava as "dezenas ímpares" (ou seja, indicava 30, 50, 70...até 190 km/h, em vez de 20, 40, 60, 80 mais usuais).

O painel do nosso tinha um relógio no lugar do conta-giros; sempre fui apaixonado por este grafismo e pelo ícone da posição das marchas entre os mostradores
O máximo que vi meu pai dando nele foi 140 km/h, nas descidas. Mas nesta velocidade, o motor já fazia bastante esforço, o câmbio de 4 marchas deixava as rotações do motor muito altas e era desconfortável andar assim por muito tempo. Lembrando que era um carro com mais de 15 anos de uso e meu pai não o forçava desnecessariamente. A velocidade de cruzeiro dele era de 110 a 130 km/h - nessa toada, dava para viajar gostoso!

Em dezembro de 1992, após 7 meses e e 11.000 km rodados em nossas mãos, meu pai achou um negócio que considerou "irrecusável". Assim, o saudoso Passat foi vendido em Bebedouro, ainda portando placas amarelas de Pirassununga/SP. O hodômetro registrava 24.000 km, que pelo estado, creio ser 224.000 km. Vi-o por cerca de um ano, ainda com as placas amarelas de Pirassununga. Mas, infelizmente nunca mais tive notícias do primeiro Passat da minha família, que me fez apaixonar por este modelo.

Posteriormente, tivemos mais dois: um Passat GTS, motor 1.6, ano 1983, Azul Búzios Metálico; e outro LS, 3 portas, 1977, motor 1500 cc, Branco Polar. Mas a história destes dois contarei mais para a frente.

Próxima postagem: Volkswagen Fusca 1300, ano 1970 (primeira série), Bege Claro.

sábado, 24 de outubro de 2015

Ford Del Rey, 4 portas, 1983, Prata Strato.




Em março de 1992, ainda morávamos em Pirassununga, mas estávamos de mudança para Bebedouro - pois meu pai tinha ido trabalhar na antiga FRUTESP (hoje, Coimbra Citrus). Com a indenização trabalhista que recebeu da Caninha 51 (atual Indústrias Müller de Bebidas), trocou o Fiat 147, 1979, Branco Alpi, que tínhamos, por um Ford Del Rey "Série Prata", 4 portas, movido à álcool, ano 1983, equipado com câmbio de 4 marchas original (o câmbio de 5 marchas era opcional em 1983), cor Prata Strato Metálico - pintura de alto padrão, na época da fabricação!  O Del Rey da foto é idêntico ao que era nosso, exceto pela cor.

Na troca, o Fiat 147 entrou como 1/3 do valor do Del Rey e os outros 2/3, meu pai deu em dinheiro.

Foi o nosso primeiro carro à álcool, em uma época em que os à gasolina eram mais valorizados, mas adorava o cheirinho do álcool hidratado sendo queimado de manhãzinha.

O mais curioso é que esse carro saiu de fábrica equipado com câmbio de 4 marchas, o que era raro em Del Rey. Mas estavam lá o famoso relógio digital no teto; o toca-fitas AM/FM estéreo Philco/Ford original, com 4 alto-falantes; o interior monocromático preto, em acabamento de alto padrão; retrovisores externos em ambos os lados, com controle interno; os vidros verdes com para-brisa degradê; o vidro traseiro com desembaçador térmico; as rodas de ferro estilizadas; as 4 portas - todos equipamentos inéditos nos carros da minha família.

O nosso chegou com 133.000 km (o Del Rey já vinha com o dígito da centena de milhar no hodômetro), mas se apresentava extremamente conservado, carro de donos cuidadosos! Veio com placas amarelas de Jaboticabal/SP, mas pelo histórico da documentação, observei que o veículo havia sido tirado zero em Monte Alto/SP e nesta cidade havia sido licenciado até 1990. O Luizinho disse que o havia comprado na cidade de Ribeirão Preto/SP, de um lojista que o havia pego em uma troca. E agora ele estava em nossas mãos, em Pirassununga, e poucos meses depois, mudaria de cidade conosco, onde iria ganhar "chapas" novas, cinzas, BLZ-0228, Bebedouro/SP. Consultei a placa pelo aplicativo Sinesp Cidadão e descobri que, hoje, o Ford encontra-se registrado na cidade de Macedônia/SP. Qual será o atual estado de conservação dele? 

Atualmente, o carro está registrado em Macedônia/SP

No início de 1992, os carros usados com até 8 ou 9 anos de uso eram bem valorizados, no interior de SP. Afinal, carro zero quilômetro era algo para poucos: ricos ou classe média alta (classe média mesmo, aquela que viaja todo ano, tem imóvel confortável, estuda em boas escolas/universidades, não contrai dívidas para comprar bens não duráveis; não essa classe média de hoje, "inventada" pelo governo, da qual faz parte um assalariado que ganha 3 salários mínimos, com baixa escolaridade e que paga aluguel da casa onde mora). 

Mesmo o Fiat Uno Mille era relativamente caro e, na maioria das vezes, adquirido para compor frotas de empresas ou para servir como segundo carro de uma família mais abastada. Alguns da Classe C conseguiam tirar um através de consórcio. Essa situação começaria a mudar no ano seguinte, 1993, quando o então presidente, Itamar Franco, criou um programa de carro popular, no qual os automóveis com motor 1.0 e o Fusca e Chevette 1.6, passariam a custar cerca de 7.000 dólares. E mudaria de vez, após julho de 1994: com o Plano Real, passou a ser possível financiar um carro novo com parcelas fixas, dando a partir de 20% de entrada, dividindo o restante em até 36 vezes. 

Isso significa que para a Classe C da época, ter um carro usado, com até 8 ou 9 anos de uso, era algo relativamente comum. Poucos conseguiam adquirir um zero quilômetro através de consórcio. Ou seja, entre as pessoas de poder aquisitivo parecido com o da minha família, o Del Rey 1983 tinha uma certa presença, apesar de o modelo já ter saído de linha no ano anterior (1991). 

Era de cor prata metálica, possuía um interior relativamente moderno, com relógio digital no teto, um lindo painel e iluminação dos instrumentos azulada (um charme, na época; todos que andavam nele de noite, elogiavam). Era silencioso, macio, confortável, gostoso de dirigir, tinha boa visibilidade, bancos macios, ótimo porta-malas - apesar de não ser muito espaçoso na cabine. Um carro já defasado, mas guardava o seu charme: linhas clássicas, imponente, um belo interior.... não era tão bonito quanto o Monza, mas custava bem menos que ele. 

Eu diria que, no início de 1992, um Del Rey 1983 apresentava um bom custo-benefício: um carro bem mais elegante do que a maioria do mesmo ano e, além disso, custava relativamente pouco. Obviamente não era um modelo procurado por jovens que haviam acabado de tirar a carteira de habilitação, que pelo mesmo valor preferiam Gol refrigerado a ar, Passat 1.500 cc ou 1.600 cc, GM Opala antigo, Monza Hatch ou Chevette 1.6.

Carros como GM Opala Comodoro/Diplomata, GM Monza 3 volumes, VW Santana, Ford Escort ou Fiat Uno custavam bem mais caro do que um Del Rey 83). Mas atendia bem a uma família e era um bom carro para andar na cidade e na estrada - sem pressa, pois o motor 1.6 herdado da Renault não fazia milagres com um carro daquele peso; a despeito disso, lembro do meu pai atingindo, nas descidas, 160 km/h indicados no velocímetro (aferida, a velocidade deveria estar em torno de 145 km/h reais). 

E, de quebra, o nosso possuía 4 portas, em um momento em que o motorista brasileiro passava a preferir esse tipo de carroceria. Recebíamos muitos elogios por isso! 

Claro que o Del Rey sempre teve muitas limitações, a começar pelo projeto antigo já na época. Mas era o primeiro carro médio da nossa família, acostumada com Chevette dos anos 70, Corcel II, Variant II e Fiat 147. É sob esse prisma que analiso a importância que esse modelo teve para nós, no início dos anos 1990. 

Se eu pudesse, compraria um Ford Escort ou um Passat Pointer; mas o carro não era meu, mas da minha família. E mesmo que meu pai quisesse, ele não conseguiria, naquele momento, comprar um Ford Escort, ano 1984 - afinal custava bem mais caro. Eu andava mais como passageiro. E mesmo quando dirigia, o fazia dentro da cidade, bem devagar e sem pretensões de tirar um "racha". Afinal, eu tinha de 14 para 15 anos e não poderia me arriscar. Ou seja, para mim, naquela época, tanto fazia o desempenho de um Fusca 1.200 cc ou de um Gol GTI 2.000 cc, pois eu mal passava de 50 km/h.

Asim como outros jovens da época, eu pegava o Ford Del Rey dos pais para passear. Dois meses após a compra, em maio de 1992, completei 15 anos. Minha família só mudaria para Bebedouro em 9 de julho, pois minha mãe optou por esperar o término do semestre escolar. Ou seja, entre março e julho, meu pai passava a semana toda fora (ia para Bebedouro segunda-feira de manhã e só voltava sexta-feira de noite, de carona em um Passat LS 1.6, 1983, Verde Álamo, com um colega que tinha ido trabalhar com ele na mesma empresa. Então, eu aproveitava para andar bastante no Del Rey pela cidade toda, juntamente com meu irmão Wallistein. 

Eu era alto, não aparentava ter 15 anos e passava despercebido pela polícia - outros tempos, hoje seria muito difícil fazer isso. Lembro de uma vez em que fui com meu irmão no centro da cidade, buscar um aparelho de som 4x1 da Gradiente, que meu pai havia comprado no sábado, mas que na segunda-feira mesmo fomos na loja buscá-lo - pois não tivemos a paciência para esperar a entrega. 

Que tempo bom, viu?! Cursava Ensino Médio, flertava com as gatinhas, meu irmão morava conosco, assistíamos inúmeros filmes (principalmente nacionais), acompanhávamos o Campeonato Brasileiro (no qual, o Flamengo consagrou-se campeão naquele ano, para minha decepção - afinal sou santista), víamos as meninas passarem em frente de casa (pois morávamos ao lado de uma escola (Júlia Colombo de Almeida). 

Havia uma menina de 14 anos, que estudava nesta escola e morava ali nas redondezas. Nos finais de tarde, depois que ela saía da aula, ia até sua casa, pegava uma motocicleta Honda CB 400 cc, e passava várias vezes em frente à nossa casa, trocando as marchas descalça, acelerando ao passar pela lombada que havia quase em frente. Era a nossa musa! kkkkkkkkkkk

A minha tão desejada Caloi Mobylette 1987 ficou encostada, eu não queria mais saber dela. Passei a insistir para meu pai trocá-la por uma moto usada. Vi várias Honda CG 125 "tanque redondo", Agrale Elefant, Yamaha DT 180 e até uma Yamaha RD 350 que estava "encostada" em uma oficina.  O dono da RD pegava minha Mobylette como parte do pagamento, mas meu pai ficou com medo de comprar para mim uma moto tão potente.

Na semana do meu aniversário (início de maio), encontrei uma loja de motos em Leme (cidade a 21 km de Pirassununga) que tinha uma Honda CG 125 "tanque redondo", 1978, azul e pegava minha Mobylette como parte do pagamento. Só que eu teria que levá-la até lá! Meu pai concordou com o negócio, então, ingenuamente, peguei a Rodovia Anhanguera, pelo acostamento, rumo a Leme. Não rodei muito e fui parado por um Gol refrigerado a ar da Polícia Rodoviária. O policial disse que recolheria o ciclomotor para o pátio do posto de Polícia, então meu irmão Wallistein assumiu a direção da Mobylette, para evitar o pagamento do guincho - afinal ele era maior de idade (apesar de não ter, naquela época, carteira de habilitação). 

Felizmente aquela Caloi estava emplacada e com a documentação em dia, então sábado meu pai foi até o posto de Polícia e com a CNH, retirou o ciclomotor. Na semana seguinte o vendeu para o dono de um sítio em Porto Ferreira. O novo proprietário não se importou com as multas, pois só iria utilizá-lo em estradas rurais (de terra). Após 5 meses e 1.200 km rodados na minha mão, a Caloi Mobylette mudava de dono, exibindo 3.900 km no hodômetro. Desistimos de comprar uma moto.

Como meu pai tinha um dinheiro guardado e a inflação corroía o dinheiro, mesmo na poupança, resolveu comprar um segundo carro. Então, vimos alguns, como:
  • Corcel II "standart" (o mais básico), 1979, Amarelo Igaratá - de um policial civil que morava em frente de casa; 
  • Passat TS, 1978, Verde Mantiqueira Metálico - que estava sendo reparado em uma oficina do bairro; 
  • Belina II L, 1979, Branco Nevasca - de um sargento do 2º RCC do Exército; 
  • e Passat LS, 3 portas, 1977, Bege Saara - que estava em uma loja de carros usados, localizada na Avenida Newton Prado (Avenida Veículos). 


O meu preferido foi o Passat TS, claro! Esportivo, motor 1.600 cc, 4 faróis redondos na frente! Babei no carro, principalmente na cor, um verde metálico lindo, ornamentado com as faixas pretas da versão! Mas meu mecânico me desanimou, disse que aquele carburador duplo era alemão e que não existiam mais peças para ele. Que se desse problema, eu teria que "jogá-lo no meio do mato" e comprar outro.

Resumindo, dia 10/05/1992, pela primeira vez, passamos a ter um 2° carro: compramos o Passat LS, 3 portas, 1977, motor 1.500 cc, cor Bege Saara, mas contarei a história deste na próxima postagem, pois ainda ficaríamos quase 1 ano com o Del Rey, e tenho muita história para contar sobre ele. 

O nosso era idêntico, inclusive bancos de encosto alto; porém, o interior era preto
 Passat e Del Rey tinham dirigibilidade, comportamento e características muito distintas; o primeiro exibia linhas externas simples, sem frisos ou cromados, interior e painel bem "pobres", acabamento frágil e barulhento (painel trincava, o estofamento e as laterais de porta se desfaziam), mas era bem justinho, possuía direção direta -  muito leve - câmbio curto e preciso, bom de arrancada - apesar do motor 1500 cc e uma estabilidade exemplar; o segundo era mais pesado, arrancava mais devagar, porém era bem mais macio, silencioso, luxuoso, equipado, confortável e bonito. Então eu escolhia o carro em que eu ia sair, de acordo com a proposta do passeio, hehehe. 

Até julho, dirigi muito esses dois carros por Pirassununga. No dia 06/07, meu irmão Wallistein voltou para Campinas. Em seguida, ele se mudou para a Bahia, onde hoje é policial. 


Dia 09/07 mudamos para Bebedouro/SP.

Os móveis foram de caminhão. Fui no Del Rey com meu pai; no Passat foram minha mãe e minhas irmãs. Chegamos em Bebedouro no final da tarde e pudemos conhecer nossa nova casa, situada na rua Augusto de Carvalho, no Jardim Alvorada. Era um imóvel de tijolinho à vista na fachada (na época, ainda estava na moda) e possuía uma linda varanda coberta de telhas na frente. Uma bonita residência, apesar de ser localizada em um bairro distante do centro da cidade. Mas foi a única que meu pai encontrou para alugar.

Em Bebedouro, passei a dirigir menos os carros, pois a cidade era bem mais policiada, sempre havia blitz nas avenidas. Portanto meus rolês se restringiam ao bairro - e à algumas escapadas de noite, hahahahaha. 

Com esse Del Rey, fizemos algumas viagens: de Bebedouro, fomos algumas vezes a Pirassununga, viajamos a Americana, também para São Paulo e íamos toda semana a Ribeirão Preto, levar minha mãe ao médico (ela tinha passado por uma cirurgia). O carro não dava oficina, era só abastecer, trocar o óleo de 5 em 5.000 km e rodar. Robusto, econômico, durável e confiável. Seu motor à álcool foi o melhor que já dirigi entre carros fabricados nos anos 80: era virar a chave de manhã, mesmo no frio, e sair com ele, sem engasgos, falhas ou afogamentos. Esquentava rápido e era só alegria! Ainda lembro do quão gostoso era viajar com ele,  quanta maciez! Hoje prefiro carros mais esportivos, mas o Del Rey marcou minha adolescência em família. 

Em fevereiro de 1993, meu pai o vendeu para o dono do posto de gasolina do Jardim Cláudia. Este estava vendendo o posto e iria se mudar para Ribeirão Preto semanas depois. De fato, em seguida o posto mudou de dono. E nunca mais vi o Del Rey, que foi embora após 11 meses, marcando 157.000 km no hodômetro, sendo 24.000 km rodados nas nossas mãos. Hoje esse veículo encontra-se registrado em Macedônia/SP - só não sei qual o estado de conservação atual dele. Acredito que esteja firme e forte, pois era um carro "filé", bem cuidado e conservado.

Só nos desfizemos dele, porque encontramos um outro Del Rey à venda: um "Série Ouro", 2 portas, ano 1982, à gasolina, cor Azul Clássico Metálico, com interior monocromático marrom, travas das portas e vidros elétricos, ar condicionado, painel completo (com conta-giros, entre 6 instrumentos) e rodas de liga leve. Vendemos o Prata em um dia e compramos o Azul no outro. 

Mas a história deste, contarei posteriormente, pois antes tenho duas para narrar: a do Passat 77 supracitado; e a de um VW Fusca 1300, ano 1970, Bege Claro, que conviveu com os 2 Del Rey. Na postagem do Fusca, de quebra, contarei sobre uma Monark Monareta, 1985, vermelha. Altas emoções pela frente! Kkkkkkk


Próxima postagem: VW Passat LS, 3 portas, motor 1.500 cc, ano 1977, Bege Saara.


Fiat 147, 1979, Branco Alpi.

O nosso era idêntico a esse
Passamos o Natal de 1990 "desmotorizados". Época em que ainda não tínhamos TV por assinatura, então minha família se divertia assistindo a novela Barriga de Aluguel, a Escolinha do Professor Raimundo e sentia medo ao assistir os episódios da série "Fronteiras do Desconhecido", da extinta TV Manchete (lembro até hoje do medo quando assisti o episódio "A Casa do Penhasco"). Era o havia para fazer, em uma cidade pequena como Pirassununga, sem um carro na família. Os poucos rolês que eu dava, eram pelo bairro da Vila Steola, com minha bike: uma Caloi Cruiser amarela, "ano 1989".

Porém, poucos dias antes do Natal, recebemos a visita do meu primo Fabiano (hoje, guitarrista de banda), que na época morava em Pimenta Bueno, Rondônia, e tinha vindo passar uns tempos em SP. A chegada do meu primo (2 anos mais velho do que eu) mudou minha rotina, pois ficávamos até altas horas falando de carros, motos e mulheres. Ele contava dos rolês que dava na Chevy 500 branca que sua mãe (minha tia Suzete) possuía em Rondônia. Íamos diariamente à locadora alugar filmes de Kung Fu (do Bruce Lee, do Van Damme etc.). Contávamos piadas, víamos as meninas passarem em frente de casa e assim foi por uns 10 dias, até que na manhã de 31 de dezembro, ele pegou o ônibus da Viação Danúbio Azul, rumo a Campinas, para passar o reveillon na casa da nossa avó Adelita - que morava no Bairro Castelo.

A monotonia voltou, mas por pouco tempo: na primeira semana de janeiro de 1991, minha mãe chamou minhas irmãs e eu para passarmos uns dias em Campinas, na minha avó. Pegamos o mesmo ônibus da Viação Danúbio Azul - um Nielson Diplomata - e pela Rodovia Anhanguera, fomos em direção a Campinas. Chegando no Bairro Castelo, foi uma alegria só! Na época, moravam lá com minha avó, meu irmão Wallistein (que fazia Exército - 27° BIB) e minha irmã Roberta, que trabalhava em um supermercado. E meu primo Fabiano estava passando uns tempos com eles.

Acho que foi uma das melhores férias da minha vida! Não houve nada de mais: não fomos à nenhuma praia, a nenhum clube, nem tivemos acesso a qualquer tipo de luxo! Mas fazíamos o que na vida há de melhor: brincávamos, ríamos, contávamos histórias, inventávamos brincadeiras assistimos pela TV o Rock in Rio II, falávamos sobre carros, motos e mulheres, amanhecíamos o dia assistindo filmes do Cinema Nacional e ouvindo rádio, meu primo ensaiava os primeiros acordes no violão, ouvíamos música no 3X1 (marca Frahm), assaltávamos a geladeira de madrugada e comíamos açúcar puro para matar a fome. Sonhávamos com o Monza, modelo 1991, que havia sido recentemente reestilizado. Mas me agradava também a Chevrolet Ipanema (após a Variant II, 1980, Verde Indaiá, tomei gosto por peruas).

Assim foi por uns 20 dias, até que precisei voltar a Pirassununga, pois minhas aulas na 8ª série, no Instituto (IEP) iriam começar. Logo no primeiro dia de aula, notei que as meninas da minha classe estavam mais atraentes, as que antes eram apenas amigas, agora, aos 13 anos, quase 14, as via de uma maneira diferente. Queria impressioná-las, estar mais perto, coladinho etc.

Foi aí que pedi para meu pai comprar um ciclomotor 50cc para mim, no meu aniversário de 14 anos. Alguns amigos meus já tinham e viviam passeando pela cidade, muitas vezes com garotas na garupa. No dia 10/05/1991, três dias após meu níver, ganhei uma Monark Monareta, preta com o banco vermelho, ano 1989, com 1.200 km rodados, mas que nunca tinha sido documentada e emplacada - compramos do 1º dono, que a havia tirado zero quilômetro nas Lojas Bernasconi, mas nunca havia dado entrada na documentação; portanto, pagamos mais barato. Minha família estava há 5 meses sem carro, mas agora eu tinha uma Monark Monareta preta, para passear por Pirassununga.

Manual do proprietário dela - guardo até hoje

Comprada em Pirassununga, em 29/12/1989, nas Lojas Bernasconi

Minha irmã Thaís, então com 12 anos, também passeava com ela, mas bem pouco e só nas ruas próximas a nossa casa. Já eu, acho que não há uma rua de Pirassununga daquela época, que não tenha passado com minha Monareta! kkkkk Nas avenidas da cidade, lembro que o velocímetro atingia 70 km/h, nas descidas (deveria ser algo em torno de 60 km/h reais). Eu a pilotava cantando Freedom 90, de George Michael ou All Together Now, de The Farm. Eram músicas Pop, mas sentia-me como uma personagem do filme Sem Destino (Easy Ryder).

A minha era exatamente como essa

Era de manhã, de tarde, de noite e eu passeando! Não existia frio, chuva ou calor que me impedissem. Sozinho, com minhas irmãs ou com a turma, rodava centenas de quilômetros por mês! Na época, não se utilizava capacete dentro da cidade e a polícia fazia "vista grossa" para adolescentes andando de ciclomotor dentro da cidade. Repito: dentro da cidade, pois um ano depois, fui pego pela Polícia Rodoviária, na Via Anhanguera, de mobilete - mas essa história contarei na próxima postagem.

Nas férias de julho de 1991, mais uma vez viajei com minha mãe e irmãs, de ônibus (eu queria ir de Monareta, mas era impossível, hehehe) para Campinas. Nessa altura, minha avó havia acabado de mudar do Bairro Castelo, para a Avenida da Saudade, quase em frente ao cemitério. 

Reencontrei meu primo Fabiano, que no dia em que chegamos a Campinas, iria partir de volta para Pimenta Bueno, em Rondônia, com a mãe e o padrasto, em um Fiat 147 C, motor 1.050cc, ano 1984, bege. Lembro da expressão de tristeza do meu primo, com os "olhos rasos d'água", tocando a música "Pra Ser Sincero", de Engenheiros do Hawaii, chateado com a volta para Rondônia, após ficar 7 meses em SP. Lembro da minha tia falando, antes de saírem: "Serão 3 dias de viagem até Rondônia, nesse Fiat". E o "fietinho" foi que foi!

Passei aquelas férias de julho com minha avó e meus irmãos e até passear pelo Cemitério da Saudade era divertido! Kkkkkkk

Em setembro daquele ano, vendi a Monark Monareta preta, que não tinha placa, nem documentos, para um rapaz que morava em um sítio na cidade de Santa Cruz das Palmeiras. O moço que a comprou, iria utilizá-la apenas na zona rural, então não se importou com a ausência da documentação. Levou apenas a nota fiscal que comprovava que o ciclomotor era legal. Meu pai achava que eu tinha que comprar uma outra, documentada e emplacada. Pois, se por acaso eu fosse pego pela polícia, bastava pagar a multa e retirar a mobilete no pátio. Aquela preta, sem documentação, não compensaria mais tirar. Vendia-a com 2.500 km, após ter rodado 1.300 km com ela.

Então, alguns dias depois, fomos ver, na Academia da Força Aérea de Pirassununga, uma Monark Monareta, 1988, vermelha com o banco azul. Era da filha de um major, que a comprou em Piracicaba para ir à faculdade, mas que logo em seguida adquiriu uma moto, e enviou a Monareta de caminhonete, para a casa dos pais, com apenas 950 km rodados. lembro que estava zerada, zerada, ainda mais conservada do que a minha ex-preta 1989.

Foi a primeira vez que pilotei na rodovia. A Academia de Força Aérea fica a 6km de Pirassununga, ligada pela mesma estrada que vai a Cachoeira de Emas. Fui de Monareta na frente e meu pai me seguindo com uma Belina II L, 1983, Branco Diamante, de um colega de trabalho dele. Se a polícia visse.... e viu, mas não foi dessa vez! Apenas um ano depois, na Rodovia Anhanguera - como eu disse, contarei essa história posteriormente. A placa amarela da Monareta era JP-678. E eu estava me sentindo, de ciclomotor "novo".

Mas meu sonho era uma Mobylette da Caloi. A maioria dos meus amigos tinha uma da Caloi e adolescente, na maioria das vezes, quer o que a maioria tem. Então, em dezembro de 1991, vendi essa Monark Monareta 1988, após 3 meses com ela, marcando 2.200 km no hodômetro, após ter rodado 1.300 km nas minhas mãos. Na mesma semana, comprei uma Caloi Mobylette XR (aquela com carenagem), 1987, vermelha, com 2.700 km, que era de uma moça que morava em Araras/SP. Por ora, eu estava realizado!

A minha Caloi era igualzinha a esta, exceto pela cor: a minha era vermelha e branca - o estilo da Caloi era bem mais moderno
Mas antes disso, em outubro de 1991, após 10 meses, finalmente meu pai conseguiu comprar outro carro.

Foi uma longa procura, pois meu pai tinha pouco dinheiro disponível na época. Encontramos Brasília 1973, Ocre Marajó; Fusca 1300, 1973, também da cor Ocre Marajó; Fusca 1500, 1970, Azul Pavão; Variant I 1977, Bege Saara; Corcel I, 1977, Branco Nevasca; Chevette, 1974, Vermelho Fórmula; Passat L, 1974, Bege Alabastro; mas todos caros demais para o nosso bolso. Rsrsrs Foi aí que nos indicaram um Fiat 147, modelo que não era muito valorizado na época. Era um 1977, Bege Sabbia, que estava com um preço bem em conta. O carro não era mais original, estava bem modificado e, quando meu pai o pegou para dar uma volta, decepção total! Suspensão toda arrebentada, câmbio raspando as marchas... Desistimos do negócio!

Mas no mesmo dia, um "corretor" de automóveis chamado Luizinho, que comprava e vendia carros, ficou sabendo que procurávamos um carro barato e foi até nossa casa nos oferecer um Fiat 147, modelo básico (standart, o mais simples da linha), motor 1.050cc, 1979, Branco Alpi. Ele estava negociando a compra de um Escort XR-3 conversível, 1986, por isso nos ofereceu o Fiat a "preço de custo". Levou-nos em um Chevette 1980, Bege Saara, para vermos o 147, que estava em uma oficina de funilaria e pintura.

O carro não era lá essas coisas, mas pelo menos estava bem original. Tinha placas amarelas de Limeira/SP e o endereço no documento indicava que o ex-proprietário morava na zona rural! O motor havia sido retificado há poucos meses (tinha a nota fiscal do serviço) e a lataria tinha recebido, naqueles dias, uma repintura, pois Luizinho disse que o branco original estava bem encardido das estradas de terra.

Tudo somado, meu pai achou a melhor opção e acabou comprando o "fietinho". O hodômetro registrava 13.000 km, mas, pelo estado, creio que o veículo já deveria ter rodado 213.000 km, afinal o carro já tinha praticamente 13 anos e o motor, de 1050cc,  já havia sido refeito.

Era como o da foto: branco, com os para-choques em preto fosco, sem frisos ou molduras nas laterais. O interior estava todo original: bancos revestidos em vinil ou uma napa, não sei bem; os bancos dianteiros não possuíam encosto de caveça; não tinha console central (a alavanca do câmbio aparecia espetada no assoalho); sem tampa no porta-luvas (tudo isso, do jeito como o modelo básico saía de fábrica); volante original de dois raios, com uma bolota no meio estampando a logomarca FIAT; sem nunca ter sido instalado rádio; e o único "luxo", era uma faixa de plástico imitando jacarandá, no painel.

O carrinho era simples de tudo, tanto por dentro, quanto por fora. Mas estávamos felizes, pois após 10 meses, tínhamos novamente um carro.

O Fiat vivia dando problema, principalmente na parte elétrica, no câmbio e na suspensão. Vira e mexe, lá estava ele parado na Oficina do Rubão. Mas quebrou maior galho, pois pudemos voltar a passear em família. Íamos comer peixe nos restaurantes da Cachoeira de Emas, visitávamos minha avó e irmãos em Campinas, fazíamos compras em Leme e em Porto  Ferreira e íamos passear no Shopping de Limeira. Lembro do meu pai atingindo 130 km/h (indicados no velocímetro) com ele.

No final daquele ano, meu irmão Wallistein foi morar em Pirassununga conosco. Chegou em dezembro, em tempo de passar o Natal e o reveillon em família. Meu pai, Wallistein e eu, fomos na véspera do reveillon dar uma volta na praça central de Pirassununga. Momento memorável!

O ano de 1992 iniciou-se com minhas voltas de Caloi Mobylette e meus rolês pilotando o 147. Dirigia bastante pelo bairro com ele. O câmbio era duro, mas preciso (menos a ré, que além de dura, era difícil de engatar)! O volante ficava bem na horizontal, algo bem peculiar - como tudo em um Fiat 147! Aliás, os carros daquela época eram bem diferentes entre si: era um choque cultural sair de um Fusca para um 147, ou mesmo para um Passat - que também era Volkswagen! Ou de um Chevette para um Corcel II ou, ainda, um Monza ou Opala. Ou deste para um Maverick. Muito diferentes! Comportamento, suspensão, posição do câmbio, dos pedais, dos comandos... O barulho de cada um dava para reconhecer de longe! E os cheiros característicos? Os carros de hoje são muito parecidos no tocante à dirigibilidade, à ergonomia, à estabilidade, enfim, a praticamente tudo! Eu adoro os carros atuais, são confiáveis, econômicos, eficientes, bem equipados, mas sinto falta do charme dos antigos!

Em março de 1992, meu pai foi chamado para participar de uma entrevista de emprego na FRUTESP, hoje Coimbra Citrus, em Bebedouro/SP. Ele queria crescer profissionalmente e na Caninha 51 (hoje Indústrias Muller de Bebidas) não teria espaço. Além disso, o departamento em que meu pai trabalhava (localizado na Avenida Painguás), estava sendo terceirizado e muitos funcionários estavam sendo demitidos.

Meu pai pegou a família e fomos de Fiat 147, pela Rodovia Anhanguera, de Pirassununga a Bebedouro, cerca de 400 km, em ida e volta! Na ida, o "fietinho" foi bem, mas na volta, começou a esquentar e afogar nas rotatórias, o escapamento furou e a parte elétrica passou a falhar. Chegamos tarde da noite em casa e meu pai disse que nunca mais viajaria com aquele carro. De fato, já era um veículo de 13 anos de uso, bem judiadinho. Cumpria bem sua função como carro urbano ou para realizar viagens curtas, mas não estava conservado o suficiente para uma viagem de 400 km.

Uma semana depois, meu pai foi demitido da Caninha 51 e, no dia seguinte, recebeu a feliz notícia da FRUTESP, de que havia sido aprovado na entrevista e que poderia começar a trabalhar lá, imediatamente. No fim, deu tudo certo!

Então, meu pai recebeu a indenização trabalhista e o Fundo de Garantia (FGTS). Naquele mesmo mês, março de 1992, encontramos o "corretor" de automóveis Luizinho, que nos havia vendido o Fiat, e nos ofereceu um Ford Del Rey. O Luizinho pegou o nosso Fiat na troca, que entrou como 1/3 do valor do Del Rey, meu pai dando os 2/3 restantes em dinheiro. Após 5 meses e 6.000 km rodados nas nossas mãos, lá ia o 147 de volta para o Luizinho, a fim de que pudesse ser negociado com um novo dono.

Próxima postagem: Ford Del Rey "Série Prata", 4 portas, 1983, à álcool, cor Prata Strato Metálico.