domingo, 4 de outubro de 2015

GM Chevette, 1974, Ultra Verde.

Não tenho fotos deste Chevette, mas ele era de 1974, cor Ultra Verde - um verde bem escuro que saiu na linha 74 da GM. Tinha, também, aquelas listrinhas brancas nas laterais.


O nosso era dessa cor: Ultra Verde. 
Mas antes de contar a história dele, vale a pena relatar como foi a vida da minha família com carros, após a venda do Chevette 74, Mostarda, em 1979. 

Em outubro de 1978, minha irmã Thaís nasceu. No início de 1979, após a "venda" do 74 Mostarda, minha família se mudou para Vila Ede (também na Zona Norte de SP), em uma casa maior (na verdade, uma sobreloja), que ficava na esquina da Avenida Ede com a Rua Zalina Rolim - em cima de uma antiga lojinha de brinquedos.

Da sala, havia uma sacada e eu adorava passar horas lá olhando o mar de carros e ônibus passarem. E quanto movimento havia, mesmo naquela época!! Fuscas, Brasílias e Kombis eram os que mais passavam! Mas também muitas TLs, Variants, Fiats 147, Opalas, Corcéis e Chevettes. Lembro-me de alguns DKWs Belcar e Vemaguet soprando fumaça ao som daquele barulhinho do motor 2-Tempos. 

Andávamos muito de ônibus (em frente à nossa casa passava uma linha da antiga empresa paulistana "Parada Inglesa", que ia para a Estação Carandiru. Também pegávamos muito táxi - nessa época, em Sampa, predominavam os Fuscas - entre os táxis comuns. Lembro-me quando, em 1982, eu saí do Hospital Emílio Ribas, no qual eu havia ficado duas semanas internado por catapora, fiz um pedido aos meus pais: que pegássemos um táxi, de volta para casa, que não fosse Fusca (eu queria andar em um carro diferente), mas após muitos minutos, meu pai me convenceu a desistir - pois só passava Fusca. Pegamos um táxi Fusca Verde Ilhéus, 1300. Lembro até hoje!

Eu adorava o sedanzinho da VW, mas queria conhecer outros carros, hehehe. Na época, eu estava rodeado de Fuscas. Meus tios, primos fo meu pai, assim como amigos e colegas dele, todos tinham um Volks, entre eles:

1300, 67, Azul Real
1300, 75, Marrom Caravela
1300, 76, Marrom Savana
1300, 79, Azul Colonial
1300, 76, Branco Polar (este era táxi e tinha placas vermelhas)
1500, 71, Laranja Granada
1300, 68, Branco Lótus
1300, 69, Vermelho Cereja
1300, 75, Amarelo Imperial
1500, 72, Verde Guarujá
1300, 69 Verde Folha.

Era Fusca adoidado!

Quando eu tinha a sorte de andar com uma Kombi (daquelas com o pára-brisa repartido, anteriores a 1975) ou um Corcel I, eu amava. Adorava abrir o vidro de trás do Corcelzinho, através de uma manivela. 

Neste período, meu pai juntava dinheiro para comprar um carro, mas não dava. O sonho dele era comprar outro Chevette, 74 a 76, mas se contentaria com um Fusca da década de 60 (fomos ver alguns, mas nunca deu certo de comprar). 

Em 1982, meu pai resolveu viajar com a família para Parnaíba, Piauí. Como não tínhamos carro, fomos de ônibus, Viação Itapemirim, 54 horas de viagem até Teresina (o ônibus era um Mercedes-Benz monobloco, O-362). Fomos meu pai, minha mãe Marialva, minha irmã de 3 anos de idade e eu, que tinha 5. Lembro-me perfeitamente desta viagem. Desci com meu pai na Avenida Ede, para pararmos dois Fuscas táxis, pois a bagagem não caberia em um só. Para MINHA sorte, passou um Opala 4 portas, 77 Marrom Monte-Rey metálico (eu sempre fui observador e ligado a detalhes: eu sabia os nomes das cores e os anos dos carros, antes dos 4 anos de idade) e meu pai conseguiu pará-lo. Que satisfação a minha, indo a rodoviária em um Opala 4 portas! 

Foi minha primeira longa viagem rodoviária e me lembro de detalhes dela: que delícia nas paradas de ônibus, observando os diferentes modelos de ônibus, carros, caminhões e suas respectivas placas de origem.

Chegando a Teresina, pegamos um outro ônibus, também MB O-362, do antigo Expresso Marimbá, que fazia a linha da capital até Parnaíba. Após 7 horas de viagem e muitas paradas, enfim chegamos ao destino - já tarde da noite! Minha avó, meu tio, minhas tias e meus primos nos esperavam no ponto, em dois carros: uma Brasília 75, Amarelo Imperial da minha tia e um Fusca 1300 L, 1977, Bege Alabastro, com interior monocromático marrom, de outra tia. Um luxo só! Eu estava enjoado de Fusca, mas aquele 1300 L, bege clarinho, com interior monocromático marrom, era simplesmente lindo! O Fusca mais luxuoso que eu já havia andado, entre tantos 1300 standart e 1500 judiados. Ficamos 30 dias em Parnaíba e íamos diariamente à praia, tanto a Pedra do Sal, quanto as da cidade vizinha, Luís Correia - na época, a, hoje, badalada praia do Coqueiro, ainda era quase deserta, com acesso por estrada de piçarras. Também íamos ao Portinho, ao Porto das Barcas, tomávamos sorvete de frutas da terra, como sapoti, cupuaçu, na Sorveteria Araújo. Essa viagem foi um sonho! E como eu amava passear no Fusca bege e na Brasília amarela das minhas tias! Íamos à praia com a tampa traseira da Brasília aberta, as crianças sentadas sobre a tampa do motor, com os pés para fora. Algo surreal nos dias de hoje!

Após 30 dias, voltamos para Sampa de avião, fizemos escala em Brasília e vomitei a viagem inteira. kkkkkkkkkkk Passei muito mal mesmo! Chegamos ao aeroporto de Congonhas e pegamos um táxi de luxo, daqueles branco e vermelho. Eu avistei na fila um Opala Comodoro novinho, painel novo, ano 81 ou 82. Logo atrás dele, havia um Ford Maverick 4 portas, também branco e vermelho. Pedi para ir no Maverick, pois tinha andado de Opala na ida. kkkk Mas não era permitido mudar a ordem da fila. O primeiro da fila era o Comodoro, de painel novo, e fomos para casa nele mesmo. Melhor que o avião! Que conforto!!

Semanas depois, após a volta do Piauí, uma tia minha se mudou para Campinas e comprou um Chevette Hatch, ano 80, standart, Dourado Palha metálico, com interior preto (14 anos depois, tive um igualzinho, da mesma cor, mas será história para uma outra postagem). Fui algumas vezes para Campinas com minha tia neste Chevette Hatch e o adorava. Era moderno para a época e luxuoso, se comparado ao Fusca.

O tempo foi passando e, em 1984, após 6 anos sem carro, meu pai juntou dinheiro para comprar um. Fomos ver um Fusca, 1969, Branco Lótus, muito bem conservado, mas o dinheiro não deu. O primo da minha mãe ofereceu o Fusca 1500, ano 72, Verde Guarujá, dele. O carro estava cheio de massa (um verdadeiro "Fusca Pizza"), mas lembro que tinha volante esportivo e toca-fitas. Este carro ficou conosco por duas semanas, pois o primo da minha mãe viajou para Guanambi, na Bahia, de ônibus, e deixou o Fuscão com meu pai, pois outra irmã minha iria nascer naqueles dias. Nesta época, eu ia de Kombi escolar para a escola, mas nestes dias, meu pai me levava de Fuscão. Que tempo gostoso!!

Fomos levar minha mãe na maternidade e buscá-la com este carro - que foi o primeiro que minha irmã mais nova, Alyne, andou. 

O Fusca estava bom de mecânica, mas era feio de lata e de tapeçaria. Como meu pai não teria dinheiro para arrumar, desistiu de comprá-lo. Achamos um Fiat 147, 1977, Vermelho Romano. Eu me apaixonei pelo carro, era lindo e moderno (pelo menos para mim, uma criança de 7 anos que andava de ônibus, hahaha). O Fiat estava barato, mas ao levar ao mecânico, descobrimos o porquê. Simplesmente era quase impossível trocar as marchas dele. Todas arranhavam! Veredicto do mecânico: deveria trocar o câmbio, pois estava condenado. E o valor para a troca era metade do que o meu pai pagaria pelo Fiat (o dinheiro do meu pai estava contado para comprar, não sobraria para arrumá-lo). Portanto, desistiu da compra. Achou um Dodge Polara, 1976, Prata Monterrey. O carro estava barato e bom de mecânica, mas com os dois pára-lamas dianteiros enferrujados (tinha até buracos). Meu pai disse que só o compraria se conseguisse os dois pára-lamas para comprar. Passamos dias procurando, vasculhamos quase todos os ferros-velhos de Sampa, mas só encontramos pára-lamas de um lado. Então, meu pai desistiu da compra.

Apareceram Brasílias, Passats "farol redondo", Chevettes "tubarão", mas o dinheiro não dava. Foi então que, em junho de 1984, meu pai arrumou um novo emprego em Brasília, DF, e mudou conosco para lá. Assim, ele desistiu de comprar um carro em Sampa e deixou para comprar na nova cidade. Viajamos para Brasília de avião e a mudança foi de caminhão - da empresa de mudanças Granero. Meu pai alugou um apartamento no Guará II, na QI 31. 

Poucas semanas depois, meu pai encontrou o Chevette do título desta postagem, nos classificados do jornal "Correio Brasiliense": um 1974, cor Ultra Verde. Lembro até hoje do dia em que fomos vê-lo: um domingo de manhã. Ele estava estacionado sobre a calçada e de longe o avistei. Fomos dar uma volta e gamei no carrinho, pois sabia que o dinheiro daria para comprá-lo.

O carro não era muito original (me lembro bem dele). Tinha placas amarelas de Brasília, BB-4686, volante Grand Prix, bancos altos do Chevette 80, escapamento esportivo, retrovisor externo esportivo, pomo do câmbio esportivo (tipo taco de golfe), rodas "repolho", mas os bancos estavam com o tecido sujo, puído e com alguns furos, o volante descascando, as rodas raladas e descascadas, o escapamento barulhento demais, o retrovisor era muito grande e não combinava com o carro, a lataria já havia sido repintada (repintura muito mal feita, por sinal - tinha uma enorme mancha  branca sobre o capô), trincas de sol no painel, não funcionavam rádio, ventilador, velocímetro, não tinha macaco, chave de roda (já ficamos na mão por este motivo), estava com pneus carecas e vivia quebrando no meio da rua. O carro tinha 10 anos de uso e estava bem judiado! Mas ERA NOSSO! E foi o que o dinheiro deu para comprar! Meu pai realizava o sonho de ter mais um Chevette e era o primeiro automóvel da minha família que, de fato, me lembro!

Apesar de tudo, o adorava. Eu queria viajar com ele! Meu pai vivia fazendo planos de tirar férias e ir de carro para Parnaíba (de Brasília eram "apenas" 2100 km, hahaha), mas sempre dizia que precisaria trocar o veículo, pois aquele Ultra Verde não aguentaria a viagem. Nas férias do ano seguinte, viajamos para o Guarujá. Claro que fomos de... ônibus. kkkkkk O Chevette ficou em Brasília mesmo.  Voltamos de carona com um colega de trabalho do meu pai, em um Passat 79, motor 1500, Bege Ipanema. Como corria aquele Passat!! Fizemos de São Paulo a Brasília em apenas 12 horas - na viagem de ida, gastamos 16 horas no ônibus da Real Expresso (modelo Marcopolo III - que até hoje acho lindo!).

Minha irmã e eu, estudávamos na Escola Classe 316 Sul e meu pai entrou em um esquema de rodízio com vizinhos que tinham o filho na mesma escola. Cada semana, um pai ou mãe levava todas as crianças. Os carros eram o Chevette  do meu pai, um Passat LS, 1982, Cinza Carrara (nunca gostei dessa cor - um cinza sólido); um Gol LS, 82, Verde Álamo; e um Passat L, 1975, Branco Lótus. Nessa época, eu amava Passat, mas o meu preferido de ir para a escola era o Gol a ar. Adorava o barulhinho do motor, e a cor (que verde lindo e moderno para a época!). Nessa época ia estudar ao som das músicas do Rock nacional, que estava "estourando" nas rádios de Brasília naquela época!

Ficamos com o Ultra Verde até o final de 1985, quando, por motivos financeiros, precisamos vendê-lo - sem nunca termos pegado estrada com ele. Após alguns meses da venda, estava eu andando de bicicleta Caloi Cross, quando o vi passando, com a lateral esquerda toda amassada. Acho que este também não teve vida longa.

Ficaríamos 1 ano e meio sem carro, até que meu pai conseguisse comprar outro Chevette, ano 79, Prata Diamantina, modelo mais simples (standart), mas esta história contarei na próxima postagem. 

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