sábado, 17 de outubro de 2015

GM Chevette, 1980, Verde Samambaia.

Modelo de mesma cor e ano, exceto que o nosso não era SL
Acho essa traseira - com lanternas envolventes - um charme


Em setembro de 1990, meu pai trocou o Corcel II L, 1978, Branco Nevasca, neste Chevette, modelo mais simples (standart), ano 1980, de cor externa Verde Samambaia metálico, com interior preto. Como todo Chevette de ano 80, possuía motor 1400 e câmbio de 4 marchas. O carro tinha como opcionais: bancos dianteiros com encosto alto, rodas de aço "esportivadas" (como as do modelo da foto), pintura metálica, ar quente e só. Como acessório, um famoso toca-fitas TKR "cara-preta". 

No mais, o veículo encontrava-se 100% original, sem acessórios do modelo SL, como frisos laterais, console central, espelho retrovisor do lado direito, porta-luvas com tampa etc. Não possuía calhas de chuva, faróis de milha, nem qualquer outro tipo de equipamento instalado. O hodômetro registrava 97.000 km, que o vendedor jurava serem originais. Ele era o segundo dono (comprovado pela documentação) e havia comprado o automóvel em Itapira, quando foi àquela cidade visitar uns parentes. O carro tinha várias notas fiscais de serviços realizados em Itapira, assim como o adesivo da concessionária de lá, estampado na traseira. 

Era todo seladinho, sem retoques (nunca tinha sido batido), mas a pintura estava meio queimada. No entanto, o interior era IMPECÁVEL, parecia carro zero. E, apesar de ser o modelo mais simples, era muito mais luxuoso do que o Corcel II com bancos revestidos em vinil e alavanca do câmbio espetada no assoalho. Silencioso, bem cuidado, enfim, um carro "filé". Estranhei apenas os pneus diagonais, pois estava acostumado com o desenho dos radiais dos dois Corcel II que tivemos. 

Eu adorava o Corcel II 79 Bege Outono que tivemos, mas jamais simpatizei com o 78 Branco Nevasca. Por isso, fiquei muito feliz com a troca por este Chevettinho. Afinal eu tinha 13 anos e queria um automóvel menos família, mais jovem e moderninho. E que delícia era para dirigir! Eu inventava desculpas para tirá-lo da garagem e dar uma volta no quarteirão! 

Quando meu pai chegou com ele em casa, disse "Enfim, entramos nos anos 80!" (até então, nossos carros haviam sido todos dos anos 70). 

Gostamos tanto do carrinho, que meu pai resolveu mandar repintá-lo, com aquele mesmo pintor que fez o serviço no Corcel II Branco Nevasca. A pintura era original e estava bem desgastada. E assim foi feito: levamos o verdinho até a oficina, na Vila Santa Fé e lá ele ficou para um banho de tinta. Depois de duas semanas, estava pronto! O pintor era bom e barateiro, portanto o carro ficou lindo, exibindo sua bela cor Verde Samambaia metálica. 

Era o nosso segundo Chevette verde (o primeiro foi um Ultra Verde, 1974). A cor verde sempre foi e é, até hoje, minha cor predileta para carros. 

Para comemorar a nova pintura, fizemos uma viagem para Campinas, visitar minha vó Adelita, que morava lá, no Bairro Castelo. Como meu pai estava trabalhando e não pôde ir, minha mãe  foi dirigindo, levando minhas duas irmãs mais novas e eu. Era semana do Dia dos Professores e não tínhamos aula, então ficamos 5 dias em Campinas. Não me sai da memória um passeio ao Parque Taquaral! Lembro que choveu muito nesses dias, pegamos tempestade na Rodovia Anhanguera, na ida e na volta.

Minha mãe foi de Campinas a Cachoeira de Emas a 130 km/h, mesmo com chuva! O máximo que vi meu pai acelerando neste carro, foi 140 km/h. Não sei se ia mais, porém era o que o velocímetro indicava. Por falar em velocímetro, sempre amei a escala colorida que há nos dos Chevettes 1977 a 1980.

Adoro essa escala colorida que acompanha os números! (só há nos Chevettes 1977 a 1980)

Quando voltamos de Campinas, meu pai nos disse que havia alugado uma casa em Pirassununga, na Rua Pedro de Camargo Neves, Vila Steola, pois ele não queria mais "viajar" todo dia de Cachoeira de Emas para Pirassununga. Eu fiquei chateado, pois amava (na verdade, amo até hoje) Cachoeira de Emas. Os 19 meses que morei lá, talvez tenham sido os melhores da minha vida! Nadando na piscina da casa, ouvindo U2, Pink Floyd, assistindo Sexta-Feira 13, cuidando do meu cão Fila "Ted", andando de Caloi Cruiser amarela pelos arredores do distrito, jogando futebol nos campinhos de terra, paquerando as meninas bonitas do local... Chega a me encher os olhos de lágrimas, mas a vida é para a frente e, uma semana depois, mudamos para Pirassununga.

A nova casa se situava perto do antigo CPD (departamento que abrigava o Centro de Processamento de Dados) da Caninha 51 (que ficava na Avenida Painguás), então meu pai ia trabalhar à pé. Minhas irmãs e eu estudávamos no famoso IEP (Instituto) - E. E. Pirassununga - e íamos à escola também à pé. O Chevette era mais utilizado para minha mãe fazer compras. 

Poucas semanas depois, em novembro de 1990, meu pai nos revelou que estava com algumas dívidas, geradas pela inflação do Plano Collor. Os juros eram astronômicos e o poder de compra do salário caía mês a mês. Era preciso de um dinheiro para quitar algumas contas. Minha mãe ficou muito preocupada! 

No dia seguinte, fomos a um açougue, no centro da cidade, comprar carne, um rapaz viu meu pai estacionando o Chevette e foi falar com ele. Disse que tinha adorado o automóvel e fez uma proposta: daria o carro dele, mais uma quantia em dinheiro, que era equivalente a 20% do valor do Chevette. Meu pai não estava a fim, pois adorava o carrinho, mas minha mãe disse que talvez fosse uma boa, com o dinheiro daria para quitarmos as principais dívidas e, ainda, não ficaríamos à pé: pegaríamos, na troca, além do dinheiro, um carro do mesmo ano. 

Poucas horas depois, entrava na garagem da casa na Vila Steola, nosso novo carro. O Chevette ia embora depois de pouco mais de 2 meses conosco e apenas 2.000 km rodados nas nossas mãos. Nunca mais o vi, mas acredito que teve vida longa, talvez exista até hoje (não me lembro das placas, nem anotei o número do chassi).

Próxima postagem: Variant II, 1980, Verde Indaiá.


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