domingo, 4 de outubro de 2015

Volkswagen Fusca 1300, 1967, Branco Pérola.

O segundo carro do meu tio foi um Fusca 1300, 1967, Branco Pérola, comprado no início de 1973. Apesar de ter 6 anos de uso, meu pai conta que era um carro bem conservado, bem melhor do que o Gordini 1963, do qual contei a história na postagem anterior. Desde meados do ano anterior, meu tio havia subido de cargo na Antarctica e estava ganhando mais. E meu pai já havia, um ano antes, saído dessa empresa e ido trabalhar na Ford Willys. Os dois irmãos conseguiram agendar as férias para o mesmo mês, no meio do ano. E até lá, meu tio foi equipando o Fusquinha: bagageiro no teto, rodas "tala larga", aro 13, toca-fitas, volante esportivo... o carrinho já tinha 6 anos, mas meu pai conta que ficou bem legal, chamava a atenção por onde passava. 

A foto acima não é a do Volkswagen do meu tio, mas a de um modelo parecido, que encontrei na internet. Haviam algumas fotos dele aqui em casa, até anos atrás. Eram fotografias que foram apresentadas à seguradora, para que pagasse o conserto do acidente que o coitadinho sofreu. Desgostoso, um dia meu pai as rasgou. A história do acidente contarei a seguir.

Com o VW Sedan equipadinho, enfim meu tio tinha um carro com toca-fitas. Em julho daquele ano, 1973, logo no primeiro dia de férias, ele, meu pai e um amigo de ambos, saíram de viagem, às 4h da madrugada, via Rodovia Presidente Dutra, rumo ao Piauí. O sonho do meu tio estava se realizando. Pegaram a estrada logo cedo, para encarar, em 3 dias, os 3100 km de distância que separavam as duas cidades, via Rio-Bahia. O único defeito que o valente Fusquinha deu durante a viagem, foram dois pneus furados. Um, logo no início da Dutra, ainda escuro, às 5h da madruga, e outro em Teófilo Otoni, Minas Gerais, onde pararam para dormir na 1ª noite. Na segunda noite, dormiram em Petrolina, Pernambuco. Chegaram a esta cidade, já tarde da noite e meu pai conta que foram seguidos, durante muitos quilômetros, por um Jeep Willys, que "colou" a dianteira na traseira do Fusquinha e ligou os faróis altos. Meu tio acelerava, O Jeep acelerava! A "perseguição" só parou, quando chegaram a Juazeiro, na Bahia, vizinha a cidade de Petrolina. Foi o único incidente da viagem, mas que deixou todos assustados. Pararam em hotel, logo em entraram em Petrolina, e dormiram para relaxar. Viajaram, em media, 1100 km por dia e chegaram, na noite no 3º dia, a Parnaíba. A chegada foi uma festa! Família, amigos e vizinhos aguardavam os 3 aventureiros, que chegaram tarde da noite!

O carro fez muito sucesso em Parnaíba: equipadinho, placas de São Paulo, todo mundo perguntando sobre a viagem. Parnaíba é uma cidade litorânea, por isso meu tio ia com meu pai e a família todos os dias à praia. Em um desses passeios, voltava da praia da Amarração, hoje Atalaia, na cidade vizinha Luís Correia, quando derrapou em uma curva, cheia de areia, na entrada desta cidade. O Fusca capotou e ficou com as rodas para cima. Meu pai não estava neste dia, mas no carro, com meu tio, estavam os meus primos - na época, crianças. Apesar do susto, felizmente ninguém se machucou. 

O Fusca tinha seguro. Fotos foram tiradas do veículo acidentado e, junto com o boletim de ocorrência, foram enviadas à seguradora, que pagou o conserto. Foram essas, as fotografias que meu pai rasgou, tempos atrás. Como o carro demorou para ficar pronto, meu pai e o amigo dele voltaram para São Paulo de ônibus - Viação Itapemirim. Meu tio tinha férias vencidas, acumuladas, e solicitou mais 30 dias, a fim de aguardar o conserto do carro. Depois de quase 60 dias, o automóvel ficou pronto, meu tio soube de um rapaz que ia viajar para São Paulo e deu carona a ele, para que fizesse companhia durante a viagem. 

Após o acidente, meu tio ficou desgostoso com o carro. Mas tinha que terminar de pagar o financiamento, para poder trocá-lo. Quitou o veículo e continuou juntando dinheiro. Em janeiro de 1976, conseguiu dar o Fusquinha de entrada - financiando o restante em 24 vezes - em um Chevette 1974, cor Mostarda, do qual contarei a história na próxima postagem. 


Um comentário:

  1. Olá: sou jornalista e procuro uma foto boa de Fusca. Esta que você publicou seria perfeita. Você ainda tem o link da foto, para eu localizar o fotográfico ou proprietário do Fusca, e solicitar autorização para publicar? Obrigado.

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