segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ford Del Rey Ouro, 1984, Cinza Nimbus.

O nosso tinha placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP

Esse também é um Del Rey "Série Ouro", 1984 (que espetáculo de estofamento!); porém o nosso era da cor Cinza Nimbus Metálico

Nosso Del Rey era da cor deste Escort XR-3
Na 2ª semana de setembro de 1993, meu pai trocou o Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico, por um Del Rey "Série Ouro", motor 1.6 CHT à álcool, câmbio de 5 marchas, 1984, cor Cinza Nimbus Metálico, com rodas de liga-leve, faróis de milha de fábrica, rádio/toca-fitas Philco/Ford, travas das portas, antena e vidros elétricos, completíssimo (menos ar condicionado), com manual do proprietário, chave reserva e apenas 36.000 km rodados. Ainda estava com pneus originais, estepe sem uso e parecia um carro zero quilômetro. A quilometragem com certeza não havia sido adulterada! Era o carro mais conservado que tivéramos até então! E o menos rodado! Ele tinha placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP e estava nesta cidade havia dois anos (desde 1991). 

Pelo histórico da documentação e das notas de serviços, o carro foi de um dono de 1984 até 1991. Este morava em São Paulo, onde tirou o carro zero quilômetro na Ford Auto Capital (o manual indicava, através dos carimbos e notas afixadas, que todas as revisões foram feitas nesta concessionária até os 29.000 km, no início de 1991). Em meados de 91, ele foi vendido como seminovo pela própria Auto Capital (essa negociação constava no manual e em uma nota fiscal) para um novo dono, que morava em Monte Azul Paulista. Este ficou com o carro por dois anos e andou apenas 7.000 km. Em setembro de 93 deu-o como parte de pagamento na compra de um Fiat Prêmio CSL 1.6, 4 portas, zero quilômetro. 

Na manhã de uma segunda-feira, um "corretor" conhecido como "Dito", que negociava carros usados, o pegou na Luiza (antiga concessionária Fiat de Bebedouro) e foi até em casa tentar negociá-lo com meu pai, pois sabia que este queria trocar o veículo. Ele disse que tinha uma parceria com a  concessionária Fiat: que se meu pai comprasse o Del Rey (que tinha sido passado para este "corretor" vender), ele ficaria com o nosso Volkswagen para revender e acertaria com a concessionária. Então meu pai voltou a diferença combinada: 30% do valor do Passat, em dinheiro. No dia seguinte, o "corretor" já vendeu o Passatinho para um novo dono.

Meu pai tivera um Del Rey Ouro 1982 e o havia trocado devido ao baixo desempenho. Mas o anterior era à gasolina, tinha ar condicionado (que piorava o rendimento) e possuía o motor antigo (aquele "azul", originário da Renault). Este era à álcool e já tinha vindo de fábrica com o motor mais novo, o famoso CHT. Além disso, o carro era completamente zerado! Um espetáculo de beleza e conservação! Chamava mais atenção do que muito Monza do mesmo ano! E meu pai sempre gostou de Corcel II e de Del Rey! Então, fechou negócio, abasteceu e já foi me buscar na escola com ele. 

Em princípio, não gostei, pois eu queria um carro mais jovem. Mas quando observei os detalhes do novo Ford, fiquei encantado! Que conservação! E quanta maciez! Na mesma tarde fomos a Ribeirão preto com ele e lembro da sensação da "banheira" flutuando pela rodovia a 150, 160 km/h! Só quem já viajou com um Del Rey CHT (Ouro ou Ghia), com quilometragem baixa, saberá sobre o que estou falando! 

No dia seguinte, fomos novamente a Ribeirão Preto de tarde! E de noite eu o pegava para dar um rolezinho por Bebedouro, hehehehehe. 

Meu pai estava em férias há 20 dias pela FRUTESP (atual Coimbra Citrus), onde trabalhava. E utilizou o 1/3 de férias, mais os 10 dias de férias que "vendeu para a firma" e as economias que tinha na poupança, para trocar o Passat neste Del Rey. 

Dois dias após tê-lo comprado, em uma quarta-feira, meu pai voltou ao trabalho. E na sexta-feira, foi demitido! A empresa havia mudado de dono e houve a demissão coletiva de 600 funcionários! Meu pai recebeu a indenização trabalhista e o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), mas não foi muito significativo, pois trabalhava nesta empresa há apenas 1 ano e 6 meses. 

Ficamos desesperados, pois o país passava por uma recessão e sabíamos que não seria fácil conseguir um novo emprego. A sorte é que naqueles tempos de alta inflação, carros com até 8 ou 9 anos de uso, bem conservados e com boa aceitação no mercado, valorizavam um pouco mais do que a poupança e, parece surreal, mas ao contrário de hoje, funcionavam como bons "investimentos" (dependia do carro, claro! Não era qualquer um que valorizava tanto ou um pouco mais do que a poupança). 

Na quarta-feira seguinte, meu pai anunciou o Del Rey nos classificados do jornal Gazeta de Bebedouro, pois queria trocá-lo por um mais barato e aplicar a diferença no banco. Na tarde do mesmo dia, apareceu um vendedor de peças de automóveis, que morava em Terra Roxa, mas trabalhava em uma distribuidora de auto-peças em Bebedouro, chamada Tona Auto-Peças. Ele vendia as peças nas oficinas das cidades da região e disse que rodava 1.000 km por semana. No entanto, como ele vendia peças e as negociava com mecânicos, alegou que, apesar da alta quilometragem, seus carros eram sempre bem revisados e super bem cuidados. 

O vendedor simplesmente se apaixonou pelo Del Rey e ofereceu seu carro - uma Belina II LDO, 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, cor Branca Nevasca, com interior monocromático marrom e impecável, apesar dos 193.000 km registrados no hodômetro - como parte do pagamento. Meu pai gostou da Belina, principalmente do seu estado de conservação. Era bem completa e tinha pintura original - nunca havia sido batida -, era de 2º dono, acompanhava o manual do proprietário e a chave reserva. Foram 3 dias de negociação, pois o dono da Belina não queria voltar a diferença que meu pai pedia. Mas no sábado, ele finalmente concordou em pagar (estava fascinado pelo Del Rey). Lembro que ele deu a Belina, mais 55% do valor dela. Pagou em dólares, no ato! 

Assim, após 12 dias, e apenas 1.000 km rodados nas nossas mãos, o Del Rey mudava de dono, com 37.000 km registrados no hodômetro. Na época, eu tinha uma namorada em Terra Roxa (cidade onde o novo proprietário morava) e até 1999 o via passeando nos finais de semana, pelas ruas de Terra Roxa, com o Del Rey encerado e conservadíssimo, ainda com as placas amarelas de Monte Azul Paulista/SP (acredito que tenha transferido o carro para o seu nome, com algum endereço de Monte Azul Paulista, pois lembro que ele disse que não queria trocar as placas amarelas - se transferisse de município. obrigatoriamente teria que trocar pelas placas cinzas). 

Não sei por quantos anos ele ainda ficou com o Del Rey, mas creio que este carro ainda exista! Provavelmente, ainda deve estar bem conservado! O novo dono era cuidadoso demais e o Ford iniciou os anos 2000 ainda impecável! Como será que anda hoje?

Até hoje guardo o Manual do Proprietário deste Del Rey

Próxima postagem: Ford Belina II LDO, 1.6, ano 1980, Branca Nevasca, com interior monocromático marrom. 

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