domingo, 1 de novembro de 2015

Fiat Elba CS, 1988, Azul Florença.

A nossa Elba era idêntica a esta, só que muito nova, na época. Cor "Azul Florensça".

Azul Florença, como o deste Uno 88

Nos primeiros dias de setembro de 1993, em um frio início de noite de uma sexta-feira, fomos a Sertãozinho/SP, distante 55 km da cidade de Bebedouro, onde moramos/morávamos, buscar nossa Fiat Elba CS, motor 1500 cc à álcool, ano 1988, cor Azul Florença, que estava à venda na seção de seminovos da concessionária Ford Ortovel - segundo o vendedor, uma mulher de Viradouro, que era a única dona da Elbinha, a deu como parte de pagamento na compra de um Escort 1.6 Hobby zero quilômetro.

A perua era Azul Florença, um azul escuro que contrastava bem com o tecido do estofamento (cinza claro). Não era um azul metálico; era um azul sólido, como o do Fiat Uno da imagem acima. Tentei encontrar a imagem de uma Elba dessa cor no Google, mas só consegui de peruas bem mal tratadas. Então, resolvi colocar a do Uno como referência. 

O carro era de única dona, tinha manual do proprietário, chave reserva, selinhos de fábrica no para-brisa, registrava 61.000 km no hodômetro e estava com placas amarelas, de Viradouro/SP. Era o carro mais novo (5 anos de uso) e menos rodado que minha família tinha conseguido comprar até então! E tem mais! O único que ainda estava em fabricação no momento da compra (tivéramos Chevette, mas não do modelo em fabricação no momento). 

Meu pai deu um Passat GTS 1.6, 1983, Azul Búzios Metálico, e mais 30% do valor do mesmo pela Elba. Esta tinha câmbio de 5 marchas, limpador e desembaçador do vidro traseiro, conta-giros no painel, relógio digital no teto, abertura interna do porta-malas (era bem legal, bastava puxar uma pequena alavanca próxima ao banco do motorista, que a tampa traseira abria - era bem "futurista"), repetidores de seta nas laterais, além disso era bem espaçosa, tinha uma grande área envidraçada e um painel moderno. Claro que eu, aos 16 anos de idade, preferia carros esportivos; mas meus pais e minhas irmãs (estas ainda não dirigiam)  queriam um carro mais moderno que o Passat. E eu sempre gostei de peruas, ainda mais esta, que era daquele azul forte! Além disso, a Elba fazia muito mais sucesso entre as meninas, do que o Passat, hehehehe. A Elba não era tão bonita quanto a Parati, mas custava bem menos! Uma Parati CL 1.6 do mesmo ano, custava bem mais e ainda era menos equipada. 

O painel, com conta-giros, era bem moderno; a nossa tinha apenas 61.000 km registrados no hodômetro

Na manhã seguinte, lá fui eu passear com a Elba pelas ruas do bairro. Apesar de ser uma perua, era bem levinha! Experimentei uma dirigibilidade bem diferente do Passat e dos demais carros que tivéramos até então! Aliás, até os anos 80, os carros de cada marca (ou mesmo dentro da mesma marca), tinham comportamento bem diferentes: câmbio, suspensão, direção, pedais. Você saía de um modelo e passava para outro, era como entrar em um outro mundo. Os automóveis de hoje, estão cada vez mais parecidos.

Passamos a fazer planos de viajar com aquela Elba Azul para Parnaíba, Piauí - cidade litorânea onde meu pai nasceu. Apesar de ser pequena por fora, era bem espaçosa por dentro, além de ágil e econômica - combinação perfeita para uma viagem longa. Pena que não foi possível fazê-la com este carro.

A nossa também tinha relógio digital no teto
O vendedor da concessionária Ford Ortovel disse que o carro estava todo revisado e que tinha garantia de 3 meses. Portanto, nem nos preocupamos em levá-la a um mecânico: fizemos um test drive, estava tudo joinha, então a compramos. Nos três primeiros dias, ela rodou legal. Mas no quarto, começou a presentar inúmeros problemas: motor de arranque começou a falhar nas partidas, freio baixou de uma vez, 3ª marcha começou a arranhar, passou a falhar e afogar nas esquinas. E até o sétimo dia, os problemas foram aumentando, inclusive com alguns vazamentos de óleo e de água. 

Levamos o carro a um mecânico de confiança, que fez o orçamento para uma revisão geral. Horas depois, ele nos ligou e disse que provavelmente o carro nunca tinha passado por uma revisão, que a maioria das peças eram originais. E deu uma enorme lista de serviços que precisariam ser feitos (tenho o orçamento guardado até hoje):
  • bomba d'água estava vazando;
  • radiador também estava vazando;
  • junta do cabeçote estava queimada;
  • um amortecedor traseiro e outro dianteiro estavam com vazamento (precisaria trocar os quatro);
  • os pneus estavam com desgaste irregular (teria que trocar os quatro);
  • trocar as buchas do braço oscilante;
  • trocar as velas;
  • limpar carburador;
  • trocar correia dentada;
  • reparar motor de partida;
  • trocar burrinho de freio;
  • trocar trambulador do câmbio;
  • trocar kit de embreagem (estava começando a patinar);
  • revisar parte elétrica (estava com várias lâmpadas queimadas e acessórios com mau funcionamento).
O mecânico disse que o motor realmente estava novíssimo, mas que a dona anterior não fazia manutenção. Em 1993, peças e mão de obra de carros da linha Uno eram caríssimos no interior de SP. E não era qualquer mecânico que tinha as ferramentas para fazer o serviço. A conta ficaria bem alta! Meu pai ligou na Ortovel para reclamar, pois apesar de a garantia de 3 meses ser referente a motor e câmbio, o vendedor afirmou que o carro estava todo revisado e que nem precisávamos levar a um mecânico. Além disso, nosso Passat não tinha nada para fazer (estava completamente revisado, apesar de ter 10 anos de uso e estar com 146.000 km). Felizmente, meu pai nem precisou insistir muito. O vendedor respondeu, que a Ford Ortovel prezava pela satisfação do cliente e que se meu pai não estivesse satisfeito, que poderia levar a Elba de volta para Sertãozinho, que o negócio seria desfeito, sem taxas de arrependimento ou qualquer tipo de ônus. Disse que o nosso Passat ainda estava lá e que eles devolveriam a quantia que meu pai havia pago. 

Eu havia me apaixonado pela Elba e tentei argumentar com meu pai, pedindo para ele ligar lá e perguntar se a Ford Ortovel pegaria pelo reparo do carro. Mas meu pai não quis nem saber! Estava desgostoso com o carro e queria devolvê-lo. Assim, na manhã do dia seguinte, um sábado, após apenas 8 dias e 500 km rodados nas nossas mãos, a levamos para Sertãozinho e trouxemos de volta nosso Passat GTS. Eu amava o Passat, mas lembro da minha frustração ao voltar nele. Era um carro esportivo e bacana, os jovens adoravam; mas era bem mais apertado, baixo, com menos visibilidade, mais barulhento, o motor girava em altas rotações na estrada (devido ao câmbio de 4 marchas) e não tinha os mimos da perua, como relógio digital no teto, abertura do porta-malas pelo interior do veículo etc.. E a Elba tinha mais presença entre as meninas, hehehehe. Lembro que, nas poucas vezes em que saí com ela, fiz maior sucesso com as gurias. Mas bola pra frente! 

Dois dias depois, segunda-feira, meu pai foi me buscar na escola, E. E. Dr. Paraíso Cavalcanti, de carro. Mas não estava mais com o Passat. Ele precisou buzinar para que eu o visse, pois não imaginei que iria trocar de carro naquela manhã.

Aos 146.000 km, após 4 meses e 13.000 km rodados nas nossas mãos, o Passat GTS mudava de dono! Dias depois lembro de ter visto o carro com placas novas, cinzas, pois o novo proprietário o transferiu para Bebedouro/SP. Mas infelizmente não anotei a placa nova, então hoje seria difícil descobrir o paradeiro dele. Será que ainda existe? Se existir, em que estado estaria?

Próxima postagem: Ford Del Rey Ouro, 1984, Cinza Nimbus Metálico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário