segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ford Belina II LDO, 1980, Branca Nevasca.

A Belina II 1980 ganhou polainas plásticas complementando os para-choques

Idêntica à que minha família teve

A nossa também tinha limpador e lavador do vidro traseiro

Acabamento interno maravilhoso! Idêntico ao da nossa - contrastava perfeitamente o branco do exterior, com o marrom do interior

Manual do Proprietário dela - guardo até hoje

Não sei o motivo, mas o primeiro dono retificou o motor, em uma concessionária Ford, aos 42.000 km




Dia 21/09/1993, meu pai pegou uma Ford Belina II LDO, motor 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, ano 1980, Branca Nevasca, com interior monocromático marrom, como parte de pagamento do Ford Del Rey "Série Ouro", 1.6 CHT, 1984, Cinza Nimbus Metálico que tinha vendido. O comprador do Del Rey deu a Belina II, mais 55% do valor dela em dinheiro - inclusive, pagou com dólares.

Esta Belina era bem completa: possuía limpador e lavador do vidro traseiro, rádio/toca-fitas original Philco/Ford, interior monocromático marrom, motor 1.6 à álcool, câmbio de 5 marchas, apliques imitando madeira no painel e laterais de porta, entre tantos outros opcionais. Possuía placas amarelas, LR-8998, de Terra Roxa/SP. 

Pelos relatos do vendedor - comprovados pelo manual do proprietário e pelas notas fiscais de serviços/compra do veículo, a história dela foi mais ou menos assim: em novembro de 1980, um senhor que morava em Severínia/SP, veio a Bebedouro e comprou, na antiga concessionária Ford Agrodouro, esta Belina, zero quilômetro. Apesar de residir em Severínia, sempre vinha fazer as revisões na concessionária de Bebedouro. Assim foi até que, em novembro de 1987, exatamente 7 anos após sua compra e apenas 42.000 km rodados, não sei por qual motivo, o motor precisou ser retificado e o serviço foi feito pela concessionária Ford Agrodouro. O dono andou com ela mais 4 meses e, em março de 1988, deu-a, na própria Agrodouro, como parte do pagamento de uma Belina Del Rey 1988, zero quilômetro. 

Um rapaz, que morava em Terra Roxa, procurava um carro usado, mas confiável para comprar e trabalhar como vendedor de auto-peças. Por coincidência, viu o senhor de Severínia estacionando esta Belina II 1980 em frente à concessionária e foi perguntar se era de venda. Este, explicou que havia acabado de entregar a perua na concessionária, como parte do pagamento de uma Belina Del Rey zero quilômetro. Então, o rapaz entrou na seção de seminovos e, no mesmo dia, comprou a Belina, pois estava bem conservada, pouco rodada (apenas 45.000 km, apesar dos 8 anos de uso) e o motor estava na garantia. 

Ficou com ela por 5 anos e 6 meses e rodou 148.000 km, vendendo auto-peças nas cidadezinhas da região. Em setembro de 93, passou-a para o meu pai com 193.000 km no hodômetro. Em princípio, ficamos assutados com a alta quilometragem, mas o carro estava super conservado e bem revisado. Não tinha retoques na pintura, o estofamento estava protegido com capas (tiramos as capas no mesmo dia, pois eram muito feias), rodava bem justa e firme.

Nesta época, meu pai ia pelo menos duas vezes por semana de Bebedouro a Ribeirão Preto e a peruinha viajava macia e tranquila pelas  estradas, sempre a 130, 140 km/h com folga. O estilo do interior lembrava muito as peruas dos filmes norte-americanos dos anos 80 e eu achava isso um charme! Meu maior sonho era meu pai arrumar logo um novo emprego e, assim que tivesse direito a férias, viajasse conosco para sua cidade natal, a litorânea Parnaíba, no Piauí. A Belina estimulava esses sonhos! Deveria ser delicioso fazer uma viagem de mais de 6.000 km (em ida e volta), com aquela perua Ford!

De noite, eu ficava dentro da Belina, ouvindo música no rádio/toca-fitas original Philco/Ford e sonhando com uma grande viagem com aquele carro, mas, infelizmente, nunca aconteceu. 

A Belina não dava problemas, porém, no início de novembro, houve um princípio de incêndio no distribuidor. Estava com meu pai passando perto do Bebedouro Shopping, o carro afogou e percebemos fumaça atravessando o capô. Abrimos a frente e vimos o fogo! Pegamos o extintor, mas estava descarregado. Por sorte, um Gol CL prata parou ao nosso lado e seu dono apagou o fogo com o extintor dele. Até hoje não sei como agradecer a esta pessoa, pois por pouco não perdemos o carro, que tinha um certo valor na época e era o único bem que nós tínhamos, em um período que meu pai estava desempregado. 

Chamamos nosso mecânico, que rebocou a Belina e a reparou. Ficou como nova! Mas tivemos que mandar repintar o capô, pois este havia ficado escuro. 

Na semana do dia 20 de novembro de 93, um senhor que trabalhava na empresa Ferticitrus e era vereador de Bebedouro, por algum motivo passou em frente de casa e viu a Belina parada na nossa garagem. Parou e perguntou se queríamos vender. Respondemos que não! Mas ele pediu para olhá-la. Deixamos! o senhor ligou o motor, mexeu no câmbio, olhou todos os detalhes e fez uma proposta de compra. Meu pai recusou-a. Ele aumentou o valor da proposta. Novamente uma recusa! Então ele pediu para colocarmos preço. Meu pai disse que não tinha intenção de vendê-la, mas o senhor continuou insistindo. Então, meu pai chutou um valor que dava para comprar uma Belina 82. O senhor tentou pechinchar, mas meu pai disse que não! Por fim, para nossa surpresa, ele pagou o que foi pedido. Disse que já havia tido uma idêntica àquela, mas que por um motivo precisou vendê-la e queria comprar uma igual. Na noite seguinte, o senhor levou a quantia em dinheiro, pagou e foi embora com o carro. Vale lembrar que, até meados dos anos 90, os carros das linhas Corcel II/Belina e Del Rey eram bem procuradas no interior de SP (desde que os veículos estivessem bem conservados). 

Após 2 meses e 4.000 km rodados nas nossas mãos, a Belina II ia embora com seu novo dono, ostentando 197.000 km no hodômetro. 

O curioso é que, 3 meses depois, este senhor a deu como parte do pagamento na compra de um Ford Escort 1.6 Hobby. Ficamos sem entender nada, pois ele insistiu tanto para comprá-la, pagou acima do que valia e ficou tão pouco tempo com o veículo! Vai entender! 

Algumas semanas depois, ela foi vendida a um novo dono, que a transferiu para Bebedouro e trocou as placas amarelas de Terra Roxa, por novas chapas cinzas. Durante 13 anos, via essa Belina, com este mesmo dono! Estava bem conservada ainda! Eu deveria ter anotado as novas placas, pois assim daria para consultar seu paradeiro hoje! Infelizmente não fiz isso. Não sei por onde ela anda, mas a última vez que a vi, foi em 2006, passando conservadíssima por uma rua do Jardim Alvorada. Acredito que ela ainda esteja inteirona, firme e forte!

Próxima postagem: VW Passat LS, 3 portas, 1977, Branco Polar. 

2 comentários:

  1. Comovente depoimento, principalmente pelas coincidências com minha história com uma belina parecida. Em outubro de 1983 (exatamente dez anos antes da compra dessa belina do relato), comprei uma LDO, que era a versão com aquele interior bonito, na cor caramelo, ano 1980, a álcool. A única diferença para essa aí era a cor: marron tabaco. Eu tinha, na época, um corcel II, 1978 mas me apaixonei pela belina assim que a vi, e o preço estava convidativo, porque o proprietário precisava vendê-la logo. Assim como no relato acima, eu costumava ficar por algumas horas em seu interior, principalmente à noite, ouvindo o rádio original e eu já tinha, na época, 35 anos. Com ela fiz uma viagem À Argentina e meus filhos, ainda muito novos, adoravam viajar naquele carro. Pouco mais de um ano depois, a dei como entrada num chevette zero quilometro, mas nunca mais esqueci daquele carro, tanto é que, muitos anos depois comprei uma belina 89 que conservo em meu poder até hoje. Outra coincidência é que já procurei por aquele carro (guardo o número da placa amarela ) tendo até ido atrás de um reboque, quando vi uma parecida saindo de um depósito do detran, depois de muitos anos apreendida.

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  2. Retífica de motor com quilometragem baixa era uma coisa extremamente comum até o final da década de 80. Muito difícil não acontecer.

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